Correio Braziliense, n. 21843, 05/01/2023. Política, p. 2

Palácio lotado para posse



A posse de Marina Silva no comando do Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática (MMAMC) foi uma das mais concorridas dos últimos três dias. Além de reunir algumas dos personagens mais importantes do novo primeiro escalão governamental, obrigou vários dos convidados a acompanharem a cerimônia, que se realizou no Palácio do Planalto, por telões colocados do lado de fora.

Uma das convidadas ilustres, a ativista e coordenadora do Movimento da Juventude Indígena brasileira, Txai Suruí, se reunirá hoje com Marina a fim de apresentar o programa Novo Acordo Verde, que lista ações voltadas a zerar as emissões globais até 2050. Como pano de fundo, a recuperação econômica do país no neste período pós-covid-19.

De acordo com Txai, o avanço da implementação do programa vinha sendo discutido com o PT antes mesmo da campanha eleitoral por meio do senador Jacques Wagner (PT-BA), futuro líder do governo no Senado. Mas, com a posse de Marina, a intenção é que o MMAMC assuma a coordenação e a execução.

“Agora tem a Marina, que vem com essa proposta não só de transversalidade, mas de trazer a pauta ambiental para o lugar que merece”, disse Suruí ao Correio.

O acordo foi apresentado, em 2021, na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26) pelo deputado Alessandro Molon (PSB-RJ). A tentativa foi de inserir o Brasil novamente no debate da crise ambiental mundial. Agora, com a retomada da prioridade que o meio ambiente terá no governo, Txai enxerga um bom momento para retomar o assunto.

“Sei que os povos indígenas focavam na luta pela vida, pela urgência que se tinha. Mas a gente tem outras propostas, principalmente no que se relaciona com a bioeconomia. A gente entende que o meio ambiente está além e, por isso, é importante a transversalidade, o diálogo com os povos originários. Gostei da sensibilidade da Marina em trazer, também, os povos tradicionais. Os quilombolas, os extrativistas, os ribeirinhos também fazem parte desse ecossistema”, destacou.

A transversalidade proposta por Marina se manifestou, sobretudo, no elogio que fez ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. A ministra fez elogios ao colega de governo ao ressaltar que o discurso de posse no MDICS, mais cedo, já enfatizava a necessidade de conjugar o desenvolvimento por meio da retomada da indústria nacional com as iniciativas de preservação ambiental.

Ainda assim, Marina tem um problema administrativo para cuidar a curtíssimo prazo: a volta da Agência Nacional de Águas (ANA), cuja presidente cumpre mandato. Segundo a ministra, ela e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respeitarão a permanência de Verônica Sánchez à frente da autarquia.(TA e TM com Agência Estado)