O Globo, n. 32504, 04/08/2022. Política, p. 8

Pacheco defende TSE e vê urnas como 'orgulho nacional'
André de Souza
Camila Zarur


Um dia após o presidente Jair Bolsonaro voltar a questionar o sistema eleitoral e atacar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), fez um pronunciamento ontem em defesa das urnas eletrônicas e sugeriu moderação aos candidatos na eleição deste ano. O senador pediu ainda que façam um debate político "baseado em verdade" e com um "tom eleitoral sério".

— Reitero o apelo de pacificação e de contenção de ânimos, e dirijo-o especialmente aos agentes do Estado e aos candidatos nas eleições que se aproximam. O que faz uma nação é um conjunto de valores e ideias que nos unem — disse. —Que o debate político tenha o escopo de garantir dignidade à nossa população. Que o tom eleitoral seja sério, baseado em verdades e boas propostas —acrescentou.

Pacheco não fez menções diretas a Bolsonaro, mas defendeu o sistema eleitoral e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), alvos frequentes de ataques do presidente. Bolsonaro questiona a lisura das eleições e alega que o pleito é passível de fraude, embora especialistas afirmem que não há registro de fraude desde a chegada das urnas eletrônicas.

No discurso, Pacheco afirmou que tem"plena confiança no processo eleitoral brasileiro, na Justiça Eleitoral e nas urnas eletrônicas".

— Como tenho repetido em minhas falas nesta Casa e fora dela, eu tenho plena confiança no processo eleitoral brasileiro, na Justiça Eleitoral e nas urnas eletrônicas, por meio das quais temos apurado os votos desde 1996. Sei que essa posição é amplamente majoritária tanto no Senado quanto no Congresso Nacional — disse, ao garantir que, como presidente do Congresso, dará posse ao candidato que for eleito "pelas urnas eletrônicas".

"Lisura informacional"

Também ontem, o presidente do STF, Luiz Fux, disse que notícias falsas causam "danos irreparáveis" aos candidatos. O ministro destacou que o Brasil  "coíbe frontalmente" a prática, impondo sanções nas esferas criminal, eleitoral e cível. Ainda afirmou que pelas eleições o cidadão brasileiro exerce sua cidadania, soberania popular e autodeterminação:

— O cidadão precisa ser bem informado antes de exteriorizar sua opinião em relação a quem ele prefere que represente sua vontade. Daí a necessidade de uma lisura informacional no ambiente eleitoral para evitar informações falsas. As informações falsas, fake news, são aquelas que não têm fundo de veracidade e atingem de forma frontal a candidatura de outro concorrente, com danos irreparáveis.

A fala ocorreu no evento "Fake News e Liberdade de Expressão ", promovido pelo STF e a embaixada da Alemanha.

"A confiança na Justiça Eleitoral e nas urnas é amplamente majoritária no Congresso Nacional"

Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, sobre as eleições