Título: Calheiros luta para adiar prévias
Autor: Juliana Rocha
Fonte: Jornal do Brasil, 26/11/2005, País, p. A5

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AM), reforçou ontem a posição de alguns líderes de seu partido de adiar as prévias em que será escolhido o candidato para concorrer à presidência pela legenda em 2006. As prévias estão marcadas para 5 de março, mas o senador sugere que sejam remarcadas para depois do fim do prazo de desincompatibilização de cargos, em abril.

- Essa decisão não pode ser tomada agora, mas na hora certa. E a hora certa é depois do prazo de desincompatibilização dos governadores - explica.

Calheiros não quis apontar um nome para concorrer à presidência pelo PMDB, mas disse que o partido tem ''excesso de bons candidatos'', citando o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcellos, do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, o ex-presidente da República Itamar Franco, o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho, e até o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, que sequer é filiado ao partido.

Interlocutores de Calheiros afirmam que ele é contrário à candidatura do ex-governador do Rio Anthony Garotinho, que já é pré-candidato pelo PMDB e está em ritmo de campanha pelo país.

Perguntado sobre a candidatura de Garotinho, o senador limita-se a responder que o PMDB precisa amadurecer um nome que tenha condições de vitória. Em seguida, porém, ele lembra que é preciso dar oportunidade para os governadores que ainda não se desincompatibilizaram.

- O partido é grande, democrático e não tem dono - afirmou o senador.

Calheiros, que integra a ala governista do PMDB, disse, ainda, que a está afastada a possibilidade de a legenda fazer aliança com o PT nas eleições de 2006.

- Não há consenso de nomes, mas a candidatura própria é um fator de coesão no partido. É impossível o PMDB fazer aliança com um partido grande, principalmente o PT - disse.

A verticalização partidária, que proíbe alianças regionais diferentes da nacional, é o motivo que impede o PMDB de firmar aliança, já que a legenda é conhecida pelas diferenças regionais.

O senador Renan Calheiros era apontado como um possível nome para compor a chapa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como candidato a vice-presidente. Ontem, ele negou esta intenção.

- Eu nunca quis ser candidato a vice de Lula. As pessoas confundem governabilidade com o processo eleitoral - afirmou.