Título: "Ele foi grosseiro"
Autor: Juliana Rocha e Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 30/11/2005, País, p. A2

Entrevista: Anthony Garotinho

O que o senhor tem a dizer sobre as declarações do presidente Lula de que enfrenta a teimosia e a implicância do governo do estado do Rio ? - Isso não é novidade. Ele foi deselegante. A governadora Rosinha está de licença médica por 15 dias. Não poderia estar coordenando nenhum ato de boicote a Lula. Lula foi grosseiro e politiqueiro porque tentou criar uma confusão entre a Baixada e o Norte Fluminense. Está agindo como um político de visão pequena. Em que outras ocasiões o presidente Lula foi grosseiro com o senhor e com a governadora Rosinha? - Sempre é. Todas as vezes que não atendeu a um telefonema da governadora. Mas não vou colocar mais lenha nessa fogueira. Por que sete prefeitos da Baixada ligados ao senhor não compareceram ao encontro com Lula na segunda-feira ? O prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), falou em boicote. - Não tenho nada com isso. Não orientei ninguém. Se quiser saber por que, pergunte a eles. Não vou falar nada sobre os prefeitos. Como está a discussão sobre as prévias do PMDB em que será discutida a tese da candidatura própria ? - Estive hoje com o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), e conversamos por mais de meia hora na sala da presidência do PMDB. Estamos juntos. Não vamos aceitar manobra para adiar as prévias. O discurso do Renan Calheiros (presidente do Congresso, do PMDB de Alagoas) no sentido de não haver prévia é golpista. O Renan está blefando ao defender a candidatura própria ? - Ele (Renan) tem dado demonstrações de que não quer a candidatura própria. Diz que é favorável, mas aponta como seus candidatos pessoas que não estão dispostas a concorrer. A manutenção da verticalização enfraquece a candidatura própria do PMDB? - Sou contra a verticalização. Trata-se de um remendo. Se fosse feita uma ampla reforma política, quem sabe. Mas não acho que a manutenção da regra enfraquece a candidatura própria. O evento hoje em Brasília é mais um ato de sua campanha para a presidência da República ? - Não, não. Não estou em campanha. É um evento do PMDB. Foi noticiado que o senhor teria passado 15 dos últimos 30 dias em viagens dedicadas à campanha pela indicação de seu nome como pré-candidato do PMDB à Presidência. - Não é verdade. O jornal incluiu até viagens que eu fiz pelo próprio estado do Rio, como Cabo Frio e Resende. Também contaram sábado e domingo, dias em que não sou obrigado a cumprir expediente como secretário. Então isso não existe. Mas o senhor tem percorrido os diretórios do PMDB em todo o país. - Isso é verdade. Tenho feito um esforço muito grande pela tese da candidatura própria. Mas o que eu tenho feito está muito aquém de uma campanha de candidato a presidente da República.