Correio Braziliense, n. 21845, 07/01/2023. Política, p. 5

Mais punição a extremistas

Raphael Felice


O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), converteu em preventiva a prisão de 11 apoiadores extremistas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), responsáveis por atos antidemocráticos e vandalismo na capital federal. A decisão do magistrado foi assinada ontem.

De acordo com o ministro, os elementos de prova juntados aos autos indicam que os investigados ameaçaram o presidente da República recém-empossado e ministros do STF, de maneira organizada e coordenada, por meio de ataques à propriedade pública e privada, com o objetivo de impedir o regular exercício dos poderes constitucionais.

O ministro considerou que, embora a posse do presidente eleito tenha ocorrido regularmente no dia 1º, estão demonstrados os fortes indícios de materialidade e autoria dos crimes de dano qualificado, incêndio majorado, associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado, todos do Código Penal.

O grupo bolsonarista tentou invadir a sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, em 12 de dezembro. Os ataques ocorreram após a prisão do cacique José Acácio Tserere Xavante. Na ocasião, além de depredações em torno do prédio, os radicais incendiaram carros e ônibus próximos ao local. O grupo também depredou a 5ª Delegacia de Polícia (Área Central).

Até o momento, quatro suspeitos foram localizados pelos agentes da PF: Klio Hirano, Samuel Barbosa Cavalcante, Joel Pires Santana e Átila Melo. Moraes também expediu mandados de prisão para Silvana Luizinha da Silva, Alan Diego dos Santos, Wenia Morais Silva, Ricardo Aoyama, Walace Batista da Silva, Wellington Macedo e Helielton dos Santos. Os sete são considerados foragidos da Justiça.

Com a conversão em prisão preventiva, a restrição penal aos bolsonaristas não tem prazo para terminar. Os envolvidos foram identificados no âmbito da Operação Nero, deflagrada para investigar os ataques ao prédio da Polícia Federal.

Financiadores

Segundo a Polícia Federal, os vândalos integraram o acampamento montado em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. Desde a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições, apoiadores do ex-presidente se reuniram em atos que contestam o resultado das urnas. Bolsonaristas mais radicais decidiram acampar em frente aos QGs com pedidos de intervenção militar para impedir de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de assumir a presidência da República.

Alguns desses manifestantes também são suspeitos de ter participado da tentativa de explodir uma bomba próximo a um caminhão com querosene de aviação próximo ao aeroporto da capital federal. O principal responsável por planejar o atentado, George Washington Sousa, foi preso em 24 de dezembro.

O próximo passo da investigação é descobrir se há responsáveis por financiar os protestos extremistas.