Título: Lula critica teimosia e implicância de Rosinha
Autor: Juliana Rocha
Fonte: Jornal do Brasil, 29/11/2005, País, p. A2
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em mais um capítulo da briga política com a governadora Rosinha Matheus, disse ontem que enfrenta a ''teimosia'' e a ''implicância'' do governo do estado do Rio. Lula referia-se às obras não realizadas do Arco Rodoviário e do gasoduto que a Petrobras tentou fazer no Norte Fluminense, em reunião com prefeitos da Baixada Fluminense, ontem, em Brasília.
Desde a última quinta-feira, o presidente e a governadora trocam farpas. Em entrevista à radialistas, Lula falou mal do governo estadual pelo menos cinco vezes e ironizou, chamando a governadora de ''Garotinha''.
A governadora rebateu, dizendo que ''desde o primeiro dia, Lula não fez outra coisa se não perseguir e maltratar o Rio''. Rosinha está de licença médica por 15 dias e não respondeu às novas críticas de Lula.
A reunião com os prefeitos da Baixada Fluminense foi um pedido do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), para solicitar a instalação da refinaria de petróleo da Petrobras em Itaguaí. O governo do estado defende que a refinaria fique em Campos. O anúncio da localidade está previsto para dezembro.
Como antecipou ontem o JB, dos 13 prefeitos da região, compareceram apenas seis, que não fazem parte do fiel grupo político do ex-governador Anthony Garotinho.
Os outros sete, aliados do governo do estado e de Garotinho, pré-candidato do PMDB à presidência, alegaram que foram convocados com pouca antecedência ou que seria ''perda de tempo'' encontrar-se com o presidente. Eles afirmam, ainda, que a prioridade é a construção do arco rodoviário e das obras de saneamento básico da região.
Para os prefeitos que estavam presentes, Lula prometeu que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, fará uma visita ao Rio nos próximos dias ''para tentar um acordo com estado em torno da construção do Arco Rodoviário da Baixada''. Segundo o presidente, existe ''uma implicância'' do governo do estado em relação à liberação do projeto técnico.
Em seguida, Lula continuou o ataque à governadora Rosinha. Ele lembrou a polêmica gerada pela construção do gasoduto que a Petrobras queria fazer no Norte Fluminense para escoar gás para São Paulo e acabou não sendo feito por conta da oposição do governo estadual. Lula classificou o episódio como ''teimosia política'', em função da qual deixaram de ser gerados 26 mil empregos na região.
Lula não chegou a um veredicto sobre a localização da refinaria de petróleo da Petrobras em Campos ou Itaguaí. Ele limitou-se a dizer que a decisão depende de avaliação cautelosa.
O presidente marcou para 6 de dezembro, às 11h, uma reunião com o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, para avaliar o assunto.
O prefeito de Nova Iguaçu e o deputado federal Carlos Santana (PT-RJ) marcaram para o mesmo horário uma passeata em prol da instalação da refinaria em Itaguaí, que sairá da Candelária e irá até a sede da estatal, na Avenida Chile.
Compareceram à reunião os prefeitos Charlinho (PFL), de Itaguaí; Arthur Messias (PT), de Mesquita; Rogério do Salão (PL), de Queimados; André Ceciliano (PT), de Paracambi. O prefeito de Nilópolis, Farid Abrão David, enviou o deputado federal Simão Sessim (PP-RJ) como representante. Estavam presentes, ainda, o prefeito de Itaguaí, José Carlos Porto Neto, a prefeita de São Gonçalo, Aparecida Panisset (PFL) e Laura Ramos, representando o prfeito Cesar Maia.
Entre os prefeitos da Baixada, não foram ao encontro com o presidente Lula Washington Reis (PMDB), de Duque de Caxias; Maria Lúcia dos Santos (PSDB), de Belford Roxo; Uzias Mocotó (PSC), de São João de Meriti; Núbia Cozzolino (PMDB), deMagé; Pastor Bruno (PSDB), de Japerí; Nelson do Posto (PMDB), de Guapimirim e Gedeon Antunes (PSC), de Seropédica.