Correio Braziliense, n. 21847, 09/01/2023. Política, p. 5

Pacheco convoca o Congresso



Os presidentes das Casas Legislativas reagiram ao ataque terrorista perpetrado por apoiadores de Jair Bolsonaro às sedes dos Três Poderes, em Brasília. Ambos estavam fora de Brasília e retornaram ontem mesmo à capital. O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que preside tanto o Senado quanto o Congresso, convocou extraordinariamente, “sem pagamento de ajuda de custo”, os parlamentares para votar, ainda hoje, o decreto de intervenção federal na Segurança Pública do DF, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O senador estava de férias na França, e deve chegar a Brasília na noite de hoje. A sessão está marcada para às 10h, mas o local não foi definido porque o Congresso foi depredado pelos terroristas e não está em condições de receber os parlamentares. O recesso legislativo dura até 1º de fevereiro, mas um grupo de deputados e senadores integra uma comissão para casos emergenciais.

Durante o dia, Pacheco enviou mensagem aos senadores pedindo união contra o ataque dos radicais bolsonaristas. “Peço a todos que, independentemente de posições ideológicas e políticas, manifestem-se repudiando veementemente esse episódio que afronta o Poder Legislativo, ao qual todos pertencemos”, escreveu o Presidente do Senado.

Uma reunião de líderes do Senado foi convocada pelo senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), que ocupa a vice-presidência da Casa e atua como presidente em exercício na ausência de Pacheco. “Os episódios verificados hoje (ontem) com as invasões dos locais que sediam os Poderes da República refletem da forma mais definida o espírito terrorista com o qual agem os derrotados democraticamente no voto. Além de explicitar a participação deliberada do governo do DF em não conter essa depredação generalizada e inadmissível”, afirmou o senador.

 

Lira: “baderna”

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), estava em Alagoas e também voltou a Brasília após o ataque. Durante o dia, ele articulou com parlamentares e defendeu a ideia de uma reunião entre os membros dos três Poderes, além da reunião do Congresso Nacional em caráter extraordinário. “Neste encontro, claro, poderemos discutir, na mais absoluta amplitude possível, todas as medidas necessárias para fortalecer nossas instituições”, afirmou Lira.

Homem-forte de Jair Bolsonaro durante seu mandato, Lira repudiou veementemente os atos terroristas de ontem. Segundo o presidente da Câmara, o Legislativo nunca negou a liberdade de manifestação pacífica, mas não “baderna” e “vandalismo”. “Os responsáveis que promoveram e acobertaram esse ataque à democracia brasileira e aos seus principais símbolos devem ser identificados e punidos na forma da lei”, declarou.

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