Título: Advogado pede repetição de depoimentos
Autor: Renata Moura e Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 29/11/2005, País, p. A4

O advogado do deputado José Dirceu, José Luiz Oliveira Lima, entregou ontem aos ministros do Supremo Tribunal Federal um memorial de 12 páginas, no qual reforça a posição adotada por Marco Aurélio, Eros Grau, Celso de Mello e Nelson Jobim, no julgamento interrompido do mandado de segurança de seu cliente, e que deverá ser concluído amanhã com o voto-desempate de Sepúlveda Pertence. Ou seja, a defesa de Dirceu prefere que o plenário da Câmara só possa decidir se cassa o mandato de Dirceu depois da reinquirição das testemunhas arroladas pela defesa, entre as quais o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Caso venha a prevalecer a solução solitária de Cezar Peluso - que também deferiu em parte a liminar no mandado de segurança, mas apenas para que sejam suprimidas do relatório final as referências ao depoimento da presidente do Banco Rural, Kátia Rabello - o advogado de José Dirceu defende a tese de que o processo teria de ser refeito pelo Conselho de Ética da Câmara. Para José Luiz Oliveira Lima, não basta a supressão pura e simples da inquirição da testemunha de acusação, que foi realizado depois dos depoimentos das testemunhas de defesa.

O advogado do ex-chefe da Casa Civil não quis comentar a possibilidade de a sessão do STF terminar após o início do julgamento de seu cliente pelo plenário da Câmara, com uma decisão que a tornaria nula.

O presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, Ricardo Izar (PTB-SP), tem audiência hoje com o presidente do STF, ministro Nelson Jobim, para também reforçar os argumentos constantes do memorial que distribuiu aos ministros, na sexta-feira. De acordo com Izar, a reinquirição das testemunhas de defesa é uma manobra ''protelatória''. Um ministro do STF lembra que - como o julgamento do mandado de segurança não foi encerrado - qualquer um dos integrantes do tribunal pode ainda rever seu voto.