Correio Braziliense, n. 21847, 09/01/2023. Política, p. 3

Cerca de 300 detidos e levados para Papuda

Michelle Portela


Pelo menos 300 pessoas foram presas por invadir e depredar o Palácio Planalto, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional. O grupo de terroristas começou a chegar à Cidade da Polícia, no começo da noite. Todos foram fichados, passaram por examed de corpo de delito no Instituo Médico Legal e encaminhados para o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília — onde aguardarão a audiência de custódia devido ao indiciamento criminal.

De acordo com o delegado-geral da Polícia Civil, Robson Cândido, os criminosos serão enquadrados com base no artigo 359-M do Código Penal por tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído. A pena de reclusão pode chegar a 20 anos em prisão em regime fechado, além de pena suplementar correspondente à violência dos atos praticados individualmente.

“Os presos estão sendo autuados em flagrante”, disse Cândido, que ressaltou que a Polícia Civil realizou todo o trabalho de inteligência. “A gente monitora e, assim como aconteceu no passado, a gente atuou de forma repressiva. A confusão que aconteceu foi lamentável e nós iremos, por meio das imagens, identificar e prender (os envolvidos)”, assegurou.

O delegado-geral também chamou a atenção que o Governo do Distrito Federal foi avisado para a chegada dos terroristas por conta do monitoramento que os investigadores vinham fazendo. “Foi uma desordem que aconteceu. Nós identificamos, sim, que as pessoas poderiam vir para Brasília. A Secretaria (de Segurança do Governo do Distrito Federal) estava sendo avisada”, garantiu.

Causou estranheza entre os investigadores a grande quantidade de mulheres detidas entre os terroristas, com os quais não foram encontrados armamentos.

 

“Pai Nosso”

Os criminosos chegaram à polícia reunidos em cinco ônibus. Rezando o “Pai Nosso”, os primeiros terroristas chegaram estavam algemados e alguns ainda traziam edições da Constituição Federal. Imagens aéreas mostraram que eles foram enfileirados agachados em frente ao IML à espera da realização do exame.

Em nota, a Controladoria-Geral da União (CGU) informou que vai orientar todos os órgãos e entidades do Poder Executivo a abrir investigações contra servidores federais que tenham participado da depredação. Os órgãos deverão “proceder à devida instauração de processos administrativos para apurar e punir exemplarmente servidores públicos federais que, tendo participado dos atos de invasão de repartições e depredação do patrimônio público, atentaram contra os deveres de lealdade às instituições e de moralidade administrativa que devem orientar a atuação do agentes públicos e, principalmente, contra o Estado Democrático de Direito, os quais poderão ser demitidos por lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional”.

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