Correio Braziliense, n. 21847, 09/01/2023. Política, p. 5
“Identificamos os financiadores”
Luana Patriolino
O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que identificou os responsáveis por financiar os atos terroristas em Brasília, na tarde de ontem. O chefe da pasta disse que os golpistas “não conseguirão destruir a democracia brasileira” e que “criminosos serão tratados como criminosos”. O pronunciamento aconteceu horas após os apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) invadirem e destruírem as sedes dos três poderes.
“Quase 200 pessoas foram presas e mais prisões em flagrante acontecerão. Nós não temos o balanço final sobre prisões em flagrante porque continuaram a ser feitas. Quarenta ônibus foram apreendidos; identificamos os financiadores de tais ônibus. Temos alguns atos com novos pedidos de prisão em face da gravidade”, afirmou, em coletiva de imprensa.
Segundo o ministro, a pasta vai atuar a partir de quatro prioridades: restabelecer a ordem pública; prender em flagrante os envolvidos; apreender ônibus; e identificar todos os financiadores. Até o último balanço divulgado pelas autoridades, mais de 300 pessoas foram presas. Dino também apontou a responsabilidade do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), diante do caso.
Dino relatou que questionou o chefe do Executivo local antes dos atos violentos e que teria sido informado de que a situação estaria “sob controle”. “Ontem por volta de 23h, eu li, para a minha surpresa, que tinha uma mudança de orientação. Questionei, hoje de manhã novamente, por escrito: ‘Olha isso não me parece correto’. Resposta que estava tudo tranquilo e sob controle. Não tenho autoridade sobre o aparato de segurança do DF. Info que me foi dada hoje 8h40: ‘estava tudo sob controle.
“Era possível manter esse trânsito de pessoas’. Alertei seguidamente. Nós fizemos esse alerta. O que podíamos fazer foi quando houve início dos atos de violência, imediatamente, liguei ao presidente e sugeri a medida da intervenção”, contou.
Dino foi além e disse, ainda, que Ibaneis assumiu sua culpa na condução da segurança. “O governador Ibaneis, com toda certeza, ao efetuar um pedido de desculpas públicas ao chefe dos poderes da União, está reconhecendo que algo deu errado nesse planejamento. E quero crer que o senhor governador vai apurar as responsabilidades em relação àqueles que não cumpriram seus deveres constitucionais”, afirmou o ministro da Justiça.
Diante do caso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou intervenção federal na segurança pública até 31 de janeiro para recuperar a estabilidade da cidade. Dino destacou o cargo de interventor Ricardo Garcia Cappelli, secretário-executivo do órgão. “Não conseguirão destruir a democracia brasileira. É preciso dizer isso cabalmente com toda firmeza e convicção”, enfatizou. “Não vamos aceitar o caminho do criminoso. Criminoso é tratado como criminoso”, disse.
Vídeos que circularam pelas redes sociais mostraram policiais militares escoltando os manifestantes até a Praça dos Três Poderes, facilitando a entrada dos extremistas no local e até mesmo tomando água de coco durante a destruição do local.
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