Título: Rio: a verdade por trás dos números
Autor: Maurício Chacur
Fonte: Jornal do Brasil, 29/11/2005, Outras opiniões, p. A11

O IBGE divulgou o resultado das Contas Regionais do Brasil em 2003. Ele evidencia a queda da participação relativa dos quatro maiores estados produtores - São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul -, que concentravam, em 1985, 66,3% do PIB e passaram, em 2003, a 61,5%, a mais baixa participação no período 1985-2003.

Embora São Paulo tenha sido o que mais contribuiu para a queda, diminuindo sua participação de 32,6% para 31,8%, o Estado do Rio foi colocado em evidência pela queda de 12,6% para 12,2%. Deve ser observado que a redução pode ser vista como negativa no aspecto regional, mas é positiva quando a desconcentração da riqueza torna a distribuição de renda mais equânime em termos nacionais.

Com relação aos números apresentados, vale destacar que o Estado do Rio, pelo segundo ano consecutivo, ficou em segundo lugar no ranking da renda per capita, registrando R$ 12.671, 46% acima da média nacional. Além disso, vem apresentando a menor taxa de desemprego do país, de acordo com o próprio IBGE.

Um dado que não deve ser desconsiderado, quando observado o crescimento da participação de vários estados na geração da riqueza do país, é a guerra fiscal. Os elevados incentivos financeiros e fiscais concedidos, no fim da década de 80 e início da de 90, por vá rias unidades da federação acabaram por atrair empresas localizadas ou que tinham a opção de se localizar nos maiores pólos nacionais de produção. Nesse caso, os estados mais desenvolvidos foram os mais prejudicados.

Sob esse aspecto, vale ressaltar que o Estado do Rio adotou, nos últimos anos, uma atitude pró-ativa em relação à guerra fiscal e vem obtendo resultados animadores. São exemplos os investimentos da Michelin, a ampliação das montadoras Volkswagen Caminhões e Peugeot-Citroën, os investimentos em petróleo e petroquímicos. Além disso, a Petrobras já anunciou a construção no estado de uma refinaria petroquímica, que será o maior investimento feito no Brasil nas últimas décadas.

Portanto, as perspectivas de médio prazo são promissoras para o desenvolvimento da produção industrial fluminense. No semestre passado, foi inaugurado o Pólo Gás-Químico, um investimento estruturante para a economia do estado, que atraiu, até o momento, 23 empresas transformadoras de plástico. Os investimentos anunciados recentemente em siderurgia - a ampliação da Cosigua; a nova unidade da Gerdau; a Usina 2 da Companhia Siderúrgica Nacional; o complexo siderúrgico da ThyssenKrupp e da Companhia Vale do Rio Doce; e a ampliação da Siderúrgica Barra Mansa - tornarão o Estado do Rio líder na produção de aço na América Latina.

A reabertura e a revitalização de 19 estaleiros fluminenses, fortemente incentivadas pelo governo do estado, vêm tendo enorme impacto na nossa economia. Segundo a Secretaria de Planejamento e Coordenação Institucional, o setor naval fluminense passou de uma representação de 0,3% na indústria, em 1999, para 2,2%, em 2003, quando o segmento se expandiu 34%.

Outro setor que recebe forte apoio do governo do estado e vem se desenvolvendo a todo vapor é o de vestuário e acessórios. Ganhou importância nos últimos anos com a abertura de unidades de produção, o incremento de arranjos produtivos locais e a ampliação de postos de trabalho.

Paradoxalmente, o IBGE, em suas pesquisas, exclui das atividades industriais do Estado do Rio a produção naval e a de vestuário e acessórios. As sim sendo, é razoável deduzir que a real contribuição do PIB fluminense para o brasileiro seria superior à divulgada, caso fossem consideradas essas participações.

Tudo isso sinaliza que nossa capacidade produtiva está se diversificando e, por conta disso, a economia fluminense vem apresentando excelentes perspectivas. Ao contrário do que vem sendo erroneamente destacado, a produção industrial do Estado do Rio certamente terá forte crescimento nos próximos anos.