O Povo, 05/06/2020. Versão on-line

Uma agenda pós-pandemia

Jaques Wagner


Em 1972, por iniciativa da Assembleia Geral das Nações Unidas, 5 de junho se  tornou o Dia Mundial do Meio Ambiente. Este ano, a data, necessária para a  reflexão de uma pauta comprometida com o planeta, coincide com o  enfrentamento ao coronavírus. Nesse contexto, proponho a criação de uma agenda  pós-pandemia para pensarmos a retomada do crescimento a partir dos aspectos  econômico, social e ambiental. 

No Congresso Nacional, tenho defendido o grande impulso para a sustentabilidade,  capaz de atualizar visões e práticas, investindo em um modelo de crescimento que  gere empregos, ao mesmo tempo que preserve os recursos naturais e estabeleça  novo olhar para os biomas. Ações assim são, inclusive, em prol da nossa saúde, já  que estudos mostram que muitas doenças recentes foram transmitidas por animas,  durante invasão humana irresponsável à natureza. 

Nesse caminho, apresentei no Senado uma série de projetos. Dentre eles, o de  preservação do Cerrado, segundo maior bioma do país, e uma política para as  sobras não tóxicas de exploração da mineração, as destinando à fabricação de  artefatos para construção de habitações de baixa renda. Também propus os títulos  verdes para incentivar projetos sustentáveis. O aperfeiçoamento da Lei de Crimes  Ambientais, que aumenta as penas dos que praticam atos criminosos durante  estado de calamidade pública motivou outra proposta, assim como o que reduz o  consumo de agrotóxicos e fomenta a agroecologia. Protocolei, ainda, Proposta de  Emenda à Constituição para reconhecer o “emprego verde” que, segundo a  Organização Internacional do Trabalho, contribui, em qualquer setor, para a  conservação e a qualidade do meio ambiente. 

Trata-se de uma agenda que reposiciona o país nesse cenário urgente de  preservação e busca dar um basta na devastação que vivemos, com recordes de  destruição da Amazônia, da Mata Atlântica e do nosso patrimônio mais valioso, que  são as riquezas naturais. No momento em que irresponsáveis aproveitam a  pandemia para “passar a boiada” da flexibilização de leis ambientais, desprezando  a preservação e expondo o Brasil a um papel constrangedor diante do mundo,  proponho uma nova relação entre humanos e o meio ambiente, aliando  crescimento com preservação. Essa agenda é urgente. E a hora é agora.