O Povo, 15/05/2019. Versão on-line

A Educação resiste

Jaques Wagner


O atual governo segue firme no objetivo de destruir conquistas do povo brasileiro, sociais,  econômicas e culturais. Afronta a democracia, subtrai direitos, ataca movimentos sociais,  enfraquece a soberania do País. Parecem não ter limites no desejo de entregar tudo à iniciativa  privada, ao mítico mercado, como se fosse possível acabar com o papel do Estado, demonizado a  cada minuto, como demonizada está a política. 

Avançam no projeto de destruir a educação, comprometendo o acesso e permanência de milhares  de jovens no ensino público. Hoje, estudantes, professores/as e servidores/as do ensino estão  mobilizados em todo o País na Greve Nacional da Educação. Trata-se de um legítimo protesto ao  contingenciamento nos investimentos educacionais, que afeta de forma mais as universidades e os  institutos federais. O corte maior se concentra no orçamento das universidades federais da Bahia  (UFBA), de Brasília (UnB) e Fluminense (UFF), instituições que ostentam excelentes indicadores de  qualidade educacionais, avaliados pelo próprio Ministério da Educação, bem como de rankings  externos, a exemplo do Ranking Universitário Folha (RUF) e da Times Higher Education (THE). 

Trata-se de uma medida totalitária contra as universidades como espaços livres e democráticos. Ao  invés de dialogar, os atuais governantes preferem perseguir e retaliar a liberdade e a autonomia  universitária, garantida pela Constituição. São marcas de um governo inimigo da educação, da  cultura, da civilização, que afronta a vocação do Brasil de ser fraterno e solidário. 

A manifestação de hoje é a marca de uma resistência crescente diante da tentativa de desmonte da  educação, o principal instrumento para emancipação humana. Enfraquecer o ensino e o  pensamento crítico integra o projeto de fazer do Brasil uma Nação destruída, apequenada, voltada  a poucos, com miséria por todo lado, um Estado distópico, quintal do mundo. 

Muito provavelmente, se o atual presidente tivesse participado dos debates eleitorais e  apresentado esse projeto, não teria sido eleito. Agora quer implementar uma agenda que não é a  esperada pela população. Todos queremos mais segurança, mais saúde, mais educação e mais  serviços públicos de qualidade. A educação resiste e é em sua defesa que seguiremos trabalhando e  construindo um Brasil de oportunidades para todas as pessoas.