Título: Piso salarial limitado a R$ 450
Autor: Sabrina Lorenzi
Fonte: Jornal do Brasil, 29/11/2005, Economia & Negócios, p. A17

Metade dos pisos salariais - menor valor estipulado como remuneração para determinada categoria ou empresa - varia de R$ 300 a R$ 450, de acordo com pesquisa feita pelo Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Sócios Econômicas (Dieese). Em 86% dos pisos salariais analisados, o valor corresponde a dois salários mínimos (R$ 600) no máximo. Só 4,6% dos pisos superam três mínimos (R$ 900).

Para o economista do Dieese, Ilmar Ferreira da Silva, os pisos salariais estão muito baixos. Para ele, a negociação do piso está atrelada ao valor do salário mínimo, fixado em R$ 300.

- O salário mínimo acaba orientando o empresário a definir o valor da remuneração inicial da maior parte das categorias profissionais. É importante criar uma política de valorização do salário mínimo para que o patamar salarial de todos os trabalhadores também seja elevado - disse Silva.

Para cobrar do governo a elevação do salário mínimo para R$ 400, as centrais sindicais saíram ontem em carreata de São Paulo em direção a Brasília. Pela proposta orçamentária para 2006, o salário mínimo será corrigido para R$ 321.

Por segmento econômico, o estudo do Dieese mostrou que os maiores pisos salariais são pagos pelas empresas do setor de serviços. Neste segmento, 32% dos contratos negociados resultaram em pisos superiores a dois salários mínimos, principalmente nos ramos de comunicações e transportes. No comércio, só 12% dos pisos ultrapassaram dois salários mínimos. Essa proporção cai para 3% na indústria.

O estudo mostrou que o piso salarial médio do setor de serviços corresponde a 1,91 salário mínimo. No comércio, a média é de 1,66 salário mínimo. Na indústria, o piso médio recua para 1,47 salário mínimo.

O estudo do Dieese analisou 175 informações sobre pisos salariais negociados em acordos e convenções coletivas firmados no primeiro semestre de 2005.

Dos 175 analisados, metade é de três estados: Santa Catarina (19%), Rio Grande do Sul (16%) e São Paulo (15%). As outras negociações desenvolveram-se em dez unidades da federação.