Título: Lula: ''Economia não prejudica política social''
Autor: Karla Correia e Silmara Cossolino
Fonte: Jornal do Brasil, 30/11/2005, País, p. A4

Depois de passar pelo constrangimento de ouvir duras críticas ao seu governo num auditório no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu e defendeu que o lado bom de sua gestão tem de ser exaltado, acrescentando que ''a política econômica nunca foi empecilho para a política social''.

- Quero deixar claro que nós colocamos, em 17 meses, R$ 29 bilhões no mercado para o consumo, independentemente da taxa Selic, via crédito consignado. Essa foi uma revolução no crédito brasileiro - afirmou Lula.

Um dos principais pontos destacados pelo presidente foram os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e da Fundação Getúlio Vargas que mostram melhoria dos indicadores sociais e uma queda de 8% na miséria no país em 2004.

- Esses dados aqui, cada um de vocês precisa trabalhar, porque é uma arma que vocês ajudaram a construir neste governo, demonstra porque os nossos adversários do mundo político ficaram tão surpresos com os dados da Pnad'', disse Lula a uma platéia de cerca de 50 integrantes do Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional).

''Não tem um único dado no Pnad que não seja um dado positivo da conquista do nosso governo e da sociedade brasileira'', completou.

O discurso de Lula, feito em grande parte de forma improvisada, foi motivado pela fala de uma integrante do Consea, Maria Emília Lisboa. A conselheira afirmou durante a cerimônia que o conselho continua ''preocupado e indignado com os níveis alarmantes de pobreza, de insegurança alimentar e insustentabilidade ambiental no país''.

Lula respondeu que as pessoas precisam ser ''irradiadoras das coisas boas'', voltou a reclamar que a mídia não divulga os feitos de seu governo e admitiu que no passado jogava a ''culpa'' nos outros ao analisar os problemas do país atualmente.

''Comecei a lembrar dos discursos que fiz a vida inteira por este país. Eu falei, ''bom, eu não posso reclamar [das críticas](...), porque em algum momento eu e outros já tínhamos dito isso'''.

Na avaliação de Lula, as críticas podem até ser feitas, mas os dados positivos não devem ser esquecidos.

- O governo deve ter mais para fazer do que já fez. Nem completamos 36 meses de governo e muita gente gostaria que já fizéssemos coisas como se nós estivéssemos há 36 anos no governo. São só 36 meses.