Título: Acareação entre assessores
Autor: Karla Correia e Silmara Cossolino
Fonte: Jornal do Brasil, 30/11/2005, País, p. A4

Antes de ouvir o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, até o próximo dia 10, a CPI dos Bingos vai quebrar mais sigilos e fazer uma acareação entre os integrantes da chamada República de Ribeirão Preto, formada pelos ex-assessores do ministro quando era prefeito da cidade: Rogério Buratti, Vladimir Poletto e Juscelino Dourado. Os três serão colocados frente a frente com o assessor especial do ministro, Ademirson Ariovaldo da Silva, que prestou depoimento ontem e não convenceu a maioria dos dos parlamentares da CPI. Hoje os parlamentares devem votar requerimento para quebrar o sigilo telefônico de Ademirson. Alguns parlamentares defendem também a quebra do sigilo bancário. Responsável pela agenda pessoal do ministro Palocci, o assessor especial negou qualquer tipo de relacionamento comercial com Buratti, Poletto e Dourado. A quebra de sigilo telefônico de Poletto mostrou 3.681 telefonemas para os integrantes da República de Ribeirão, incluindo Ademirson, desde 2003. As ligações se intensificaram durante a renovação do contrato da Caixa Econômica Federal com a multinacional Gtech.

Outro alvo da CPI dos Bingos é a mansão onde funcionou a ''consultoria'' da República, no Lago Sul, em Brasília. O presidente da CPI dos Bingos, senador Efraim Morais (PFL-PB), pediu ontem o levantamento dos números de telefones que funcionaram na mansão, para pedir a quebra de sigilo. A mansão foi alugada por Vladimir Poletto, suspeito de envolvimento com o suposto transporte de dólares de Cuba para a campanha do PT.

No seu depoimento, Ademirson afirmou que as várias ligações que recebeu de ex-assessores de Palocci eram para tratar de assuntos pessoais. Quando a ligação era para o ministro, disse Ademirson, os pedidos eram anotados para possível retorno.

.Alguns senadores da oposição ficaram com boa impressão de Ademirson.

- Sua simplicidade me causa BOA impressão - disse o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), dirigindo-se a Ademirson.

O relator da CPI, Garibaldi Alves (PMDB-RN), disse que Ademirson não colaborou para esclarecer várias dúvidas da CPI.

- Cada dia mais saio decepcionado com pessoas que chegam preparadas para negar tudo e mentir à CPI - disse Efraim Morais.