Título: Juízes acham governo Lula ruim
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 30/11/2005, País, p. A6

A pesquisa divulgada ontem pela Associação dos Magistrados Brasileiros (ABM) revelou que os integrantes do Judiciário consideram ''ruim'' praticamente todos aspectos do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Dados da pesquisa, que ouviu 3.258 magistrados, apontam que para 59,8% dos entrevistados a relação do governo Lula com o Poder Judiciário é ruim. Somente 9,6% dos magistrados acham a relação boa e 28,1% classificam a relação do Judiciário com o governo como regular.

Para 37,7% dos magistrados entrevistados, a política econômica do governo é ruim, enquanto 35,5% acham a política econômica regular e 24,5% acham que é uma boa política. Já a agenda de reformas do governo Lula foi o ponto mais criticado. Para 61,5% dos magistrados, a agenda é ruim; para 27,8% é uma agenda de reformas regular e somente 5,6% classificam a agenda como boa. A política social do governo é outro ponto criticado. Para 60,2% dos entrevistados, a política social do governo Lula é ruim; 29,6% a classificam como regular e apenas 8,1 % dos magistrados afirmam que a política social é boa. Segundo o presidente da AMB, Rodrigo Collaço, os magistrados também mostraram ''visão autocrítica''.

- Os magistrados reconhecem que a morosidade é o maior problema do Poder Judiciário - afirmou.

De acordo com a pesquisa, somente 9,9% dos magistrados avaliam como ''boa'' a agilidade do Judiciário. Para 48,9%, a avaliação da agilidade do Judiciário é ruim, ou muito ruim. A Justiça Eleitoral foi o órgão com melhor avaliação, tendo uma aprovação por 64,8% dos magistrados, enquanto que a pior avaliação ficou com o Supremo Tribunal Federal (STF) . Para 45,3% dos entrevistados, a atuação do Supremo é ruim.

O presidente do STF, ministro Nelson Jobim, participou da apresentação da pesquisa e afirmou que as críticas ao Supremo têm que ser analisadas. Segundo ele, a pesquisa da AMB é importante, porque faz radiografia dos problemas da Magistratura e tem a confiabilidade de ser feita por uma instituição ligada ao Poder Judiciário.

- Temos a tendência de menosprezar as outras pesquisas ao afirmarmos que suas conclusões sobre o Judiciário não são verdadeiras por não entenderem o sistema - explicou o presidente do STF lamentando que durante a Constituinte de 1988 as questões tenham se limitado à disputas internas entre magistrados, advogados e promotores. (FP)