O Povo, 26/05/2021. Versão on-line

Junho Verde

Jaques Wagner


Nos aproximamos do Junho Verde, um marco para a defesa ambiental. A data máxima deste mês  de reflexões e mobilizações, estabelecida pela ONU, é 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente.  A conservação dos recursos naturais é indispensável para a sobrevivência das atuais e futuras  gerações e exige profunda mudança de hábitos. 

Se em outros momentos essa já era uma oportunidade para debater questões ambientais, no atual  quadro, torna-se essencial. O Brasil vive uma situação inaceitável com recordes de desmatamento  na Amazônia, queimadas e contínuo avanço de conflitos no campo, como os recentes ataques ao  povo indígena Yanomami. O cenário se agrava com a pressão internacional sobre a errática posição  do país diante da crise climática e ambiental. 

Em 2015, o Papa Francisco, na sua encíclica, chamou atenção de todo o mundo para a forma como  tratamos a nossa casa maior, o planeta Terra, e para a responsabilidade que temos de preservar a  natureza para as próximas gerações. 

Com essa inspiração, apresentei projeto, já aprovado pelo Senado, que institui a Campanha Junho  Verde, para que a população reflita sobre a importância da conservação dos ecossistemas, do  controle da poluição e da degradação dos recursos naturais. Como temos o Outubro Rosa e o  Novembro Azul, a pauta ambiental também merece um mês exclusivo. Agora, aguardamos a  aprovação pela Câmara dos Deputados. 

Na presidência da Comissão de Meio Ambiente do Senado, tenho priorizado a formulação de um  plano de desenvolvimento sustentável, que inclua aspectos econômicos e sociais. O Brasil tem  grande potencial para construir mercados e indústrias a partir da proteção da biodiversidade e dos  serviços ecossistêmicos. 

Estudos mostram que empregos verdes em outros países oferecem salários até 19% maiores que os  empregos comuns. Um caminho importante, sobretudo, diante de um contexto de tanto  desemprego e desalento. 

Garantir visibilidade ao tema ambiental, ao menos em um mês do ano, é fundamental para este  processo de transformação de paradigmas. É bom lembrar que o Brasil tem, no enfrentamento da  crise climática, vantagem sobre os outros países devido ao potencial de sua biodiversidade. Se  soubermos catalisar essas oportunidades, podemos proteger a natureza e levar emprego, renda e  bem-estar à população. Depende de nós.