Título: Trechos da entrevista coletiva de Dirceu
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 02/12/2005, País, p. A2

Delúbio e Silvinho

O petista defendeu o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira, apontados como pivôs da crise. "Sílvio e Delúbio continuam meus amigos. O Delúbio tem uma vida simples. Ele pode ter cometido grandes erros, mas é uma pessoa honesta. O Delúbio não é uma pessoa corrupta. Ele cometeu erros e está pagando por eles. Quero defendê-lo aqui e agora", afirmou.

Situação política

Dirceu disse que, se fosse ministro ou dirigente petista, não estaria na atual situação. Instado a ser mais claro, não quis dar detalhes e pediu desculpa, uma das muitas vezes em que fez isso. "Infelizmente, eu não sou mais nem deputado, nem ministro, nem presidente do PT. Se eu fosse, seguramente, a situação seria outra. Com o perdão da falsa modéstia. Na verdade, eu não devia ter afirmado isso. Peço desculpas. Foi um excesso da minha parte, dado o cansaço e a emoção".

Cassação

O ex-ministro afirmou que respeita a decisão da Câmara, mas fez críticas ácidas. "O Congresso deu um passo que eu considero arriscado. Espero que isso não se volte contra o próprio Congresso e a democracia".

Direitos políticos

Ao falar da sensação de ser cassado, o ex-homem-forte do governo afirmou que a ¿vida é dura¿. "Para mim, é uma violência, parece que perdi a minha própria vida. É uma dor que vocês não podem imaginar. Mas eu espero ter forças para superar".

Memórias

Dirceu afirmou que seu livro conterá várias revelações sobre o governo, mas que Lula não precisa temê-lo. "Não posso revelar segredos de Estado, mas inconfidência políticas posso. Ninguém tem que temer nada. ".

Às ordens do presidente

O deputado cassado declarou que sempre agiu por ordem do presidente. "Não é verdade que algum dia exerci qualquer poder que não seja delegado pelo presidente. Sempre fui leal e obedeci à hierarquia do governo. Nunca me sentei antes de o presidente sentar, nunca chamei o presidente de Lula, sempre chamei de senhor presidente. Tenho consciência da liturgia do cargo. Isso pensar diferente é uma ofensa ao presidente, que exerce com autoridade o cargo"