Correio Braziliense, n. 21850, 12/01/2023. Política, p. 4

Batalhão do Planalto terá rotina de treinos



O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que, a partir de agora, o governo federal realizará, no Palácio do Planalto, rotinas periódicas de treinamento de pessoal para garantir a segurança. Ontem, houve reforço do Batalhão da Guarda Presidencial, ligado ao Exército, e da Força Nacional na sede do Executivo, durante a solenidade de posse das ministras Sônia Guajajara (Povos Indígenas) e Anielle Franco (Igualdade Racial). Além disso, a Esplanada foi fechada para reduzir a circulação de pessoas e evitar a entrada de veículos, em meio a novas convocações de atos golpistas pelo país — que fracassaram.

“Será aplicado o reforço de segurança a cada momento que for necessário. E nós vamos implementar rotinas de ensaios, do mesmo jeito que na indústria se faz ensaio contra incêndio, treinamento de evacuação, serão feitas rotinas periódicas de treinamento de pessoal e de garantia da lei e da ordem e da democracia”, disse Costa.

Mas, ao ser questionado sobre a possibilidade de o governo estender a intervenção na segurança pública do Distrito Federal para além de 31 de janeiro, Costa descob versou e brincou: “Cada dia com sua agonia”. Em caso de intervenção nos estados, a Constituição não pode ser emendada, o que, em tese, atrasaria a agenda econômica.

A intervenção no DF foi decretada no último domingo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após golpistas invadirem os prédios do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. O decreto foi aprovado ontem pelo Legislativo.

Sabotagem

Já a defesa de Ibaneis entregou um memorial ao Supremo Tribunal Federal (STF) em que afirma que a falha de segurança na Esplanada dos Ministérios, cujo resultado foi a depredação das sedes dos Três Poderes por terroristas bolsonaristas, aconteceu por causa de um ato de sabotagem. No entender de pessoas próximas ao governador afastado do DF, a afirmação representa que ele atribui toda a culpa pela facilitação da tentativa de golpe de Estado ao ex-secretário de Segurança e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres.

Segundo o texto do memorial, Ibaneis “confiou na execução, ainda com mais razão quando obteve informações de que tudo transcorria de maneira absolutamente tranquila e pacífica”. O plano, de acordo com a defesa do governador afastado, dividia atribuições a diversos órgãos do DF.

Apesar de cada integrante do esquema de segurança saber a função no plano de contenção de atos golpistas, “fato é que, em algum momento, no plano da execução, o protocolo previamente estabelecido foi inusualmente descumprido, permitindo ou facilitando os inacreditáveis e irremissíveis atos de violência praticados contra os Poderes da República e contra o Estado Democrático de Direito”.

De acordo com o documento, o GDF e as forças de segurança estabeleceram “um protocolo de ações integradas, previamente elaborado com a finalidade de promover ações de segurança pública” no fim de semana em que os atos golpistas estavam marcados. A favor de Ibaneis pesa, ainda, o áudio remetido pelo secretário de Segurança interino, Fernando Oliveira — que uma hora antes de os terroristas seguirem para a Esplanada assegurou que tratava-se de uma “manifestação totalmente pacífica”.