Correio Braziliense, n. 21850, 12/01/2023. Política, p. 5
Lei alcançará os “aloprados”
Ingrid Soares
Raphael Felice
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, ontem, um grupo de parlamentares, no Palácio do Planalto, para a entrega simbólica do decreto que aprovou a intervenção na Secretaria de Segurança do Distrito Federal. Ele aproveitou para mandar um recado aos terroristas que vandalizaram, domingo passado, as sedes dos Três Poderes: farão jus ao devido processo legal, mas, se culpados, serão punidos na forma da lei.
“A gente tem que punir quem não quer respeitar a lei, quem não quer respeitar a ordem democrática, tão dificilmente alcançada por nós com a Constituição de 1988. Quero que saibam que qualquer gesto que contrarie a democracia brasileira será punido dentro daquilo que a lei permite punir. Todo mundo terá o direito de se defender, mas todo mundo será punido”, garantiu.
Lula classificou de “aloprados” os criminosos que participaram do vandalismo na Praça dos Três Poderes. E criticou Jair Bolsonaro por não reconhecer que perdeu as eleições, ao citar um tuíte publicado pelo ex-presidente — e tirado do ar horas depois — com mentiras sobre as urnas eletrônicas.
“O presidente que deixou o poder no dia 31 não quer reconhecer a derrota. Só posso considerar um grupo de aloprados, um grupo de gente com pouco senso de ridículo. Entraram na Justiça, que disse qual foi o resultado eleitoral, indeferiu o processo deles e ainda condenou o partido a pagar uma multa grandiosa do fundo partidário. Tem gente que quando conta a primeira mentira, não consegue parar, porque é preciso justificar a primeira mentira para o resto da vida. É o que está acontecendo neste país”, lamentou, apontando, ainda, que a derrubada de torres de energia de Itaipu “foi um ato de bandido, porque os cabos de aço foram serrados”.
Acefalia
O presidente em exercício do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), entregaram a Lula o decreto de intervenção federal, aprovado nas duas Casas nesta semana. Segundo o senador, a intervenção se justifica por estar constatada “a acefalia completa do órgãos de seguranças para conter os atos que terminaram consumado-se em desfavor do povo brasileiro”.
Lira ressaltou a rápida ação do Executivo por assinar “imediatamente” o decreto, que classificou como “necessário”. “O ato cumpre o rito democrático, legal e constitucional de efetivação dessas ações que, por certo, terão rumo daqui para frente com muito diálogo e firmeza em defesa da nossa Constituição”.
O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), salientou que o ato de entrega do decreto simbólico representava “a manifestação inequívoca do Congresso pelos presidentes de suas casas e pelos líderes partidários de que o terror não terá espaço neste país”.
Leia em: https://flip.correiobraziliense.com.br/edicao/impressa/4164/12-01-2023.html?all=1