Título: Disputa entre PT e PSDB atrasa CPI dos Correios
Autor: Fernando Exman
Fonte: Jornal do Brasil, 02/12/2005, País, p. A5

Partidos se desentendem sobre informações contidas nos relatórios parciais

BRASÍLIA - A disputa entre parlamentares do PT e do PSDB inviabilizou de vez a votação dos relatórios parciais da CPI dos Correios. Os documentos produzidos pelas sub-relatorias de contratos e de movimentações financeiras não serão mais apresentados ao plenário da comissão. Agora, os dois relatórios parciais serão encaminhados ao relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), para que sejam incluídos no relatório final ou em relatórios que serão apresentados para prestar contas à sociedade. - Ficou claro que sempre que se vai votar um relatório há um debate ferrenho. Então, adiou-se o embate para que não atrapalhe a votação. É bom para o povo e para as investigações - afirmou o relator-adjunto da CPI dos Correios, deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ). Insatisfeitos com a ausência de referências ao esquema de caixa 2 montado por Marcos Valério na campanha tucana de Minas Gerais em 1998, os petistas encaminharam documento à CPI com trechos que precisariam ser incluídos no relatório parcial sobre movimentações financeiras. Os parlamentares do PT exigiam a ampliação do texto. Como não houve um entendimento, os relatórios não irão mais à votação. O embate político também atinge as relatorias da CPI dos Correios. Indicado pelo presidente da comissão, senador Delcídio Amaral (PT-MS), para a relatoria-adjunta, o deputado Eduardo Paes poderá ter que dividir suas atribuições com o petista Maurício Rands (PT-PE). A relatoria-adjunta - reivindicada pelo PT - teria como objetivo equilibrar a condução das investigações. Segundo Rands, a medida visa ''evitar a briga política''. Segundo Rands, há a necessidade de se aprofundar as investigações sobre a relação entre empresas estatais no período do governo Fernando Henrique Cardoso e as agências de publicidade de Valério, o acusado de ser o operador do esquema do mensalão. Documento produzido pelo PT aponta que, de acordo com dados colhidos pela própria CPI dos Correios e ignorados no relatório parcial de movimentações financeiras, a Telesp repassou cerca de R$ 60 milhões à SMPB entre 1996 e 1997. O relatório sobre movimentações financeiras é de autoria do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), sub-relator de movimentações financeiras da CPI dos Correios. Outro ponto que não pode deixar de ser investigado, na avaliação de Rands, é o contrato feito no governo FH entre a SMPB e a Fundacentro. Autarquia vinculada ao Ministério do Trabalho, a Fundacentro realiza pesquisas na área de saúde, higiene e segurança do trabalho.