Título: Mais trabalho até a aposentadoria
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 02/12/2005, Economia & NEGÓCIOS, p. A19
Com aumento da expectativa de vida do brasileiro, sobe tempo de contribuição para ter benefício do INSS
O brasileiro ganhou expectativa de vida, mas vai ter que trabalhar mais para garantir, na velhice, uma aposentadoria digna. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revisou para cima a estimativa de longevidade da população nacional, de 71,3 anos, em 2003, para 71,7 em 2004. Só que a boa notícia tem um lado perverso: com o chamado fator previdenciário, usado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), muda também a base de cálculo dos benefícios. Ou seja, será preciso trabalhar em média mais dez meses para garantir uma aposentadoria com benefício de valor equivalente ao de quem se aposentou na última quarta-feira. A expectativa de vida altera a equação do fator previdenciário, adotado pelo INSS na reforma da Previdência realizada pelo governo Fernando Henrique Cardoso, em 1999. Leva em conta a expectativa de vida, tempo de contribuição e idade do segurado ao se aposentar. Na prática, com o fator, quanto maior a expectativa de vida, menores os valores das aposentadorias. Pelos cálculos do especialista Newton Conde, da Conde Consultoria, a expectativa maior de vida deve achatar a aposentadoria em 0,5%, em média. Esse é o caso de um homem com 57 anos e 37 de contribuição ao INSS, com salário médio de R$ 1.000. Ele tinha um fator previdenciário de 0,8475, o que resultava numa aposentadoria de R$ 847,52. Com a mudança, seu fator previdenciário caiu para 0,8438, derrubando o benefício para R$ 843,82. A mudança só vale para as novas aposentadorias. Quem já recebe o benefício não será afetado pela revisão.