Título: Investidores reagem mal
Autor: Daniel Helft
Fonte: Jornal do Brasil, 30/11/2005, Economia & Negócios, p. A18
O mercado digeriu mal a troca do ministro da Economia, Roberto Lavagna, pela presidente do estatal Banco de la Nación, Felisa Miceli. O índice de ações Merval, referência da bolsa argentina, que caiu 4,5% na segunda-feira, fechou em baixa de 1,4%. Já o dólar, que havia recuado 0,7% no dia da demissão do ministro, recuou um centavo, fechando a 3,01 pesos argentinos.
Reportagens publicadas pela imprensa argentina revelam que a saída de Lavagna preocupa também a Casa Branca, o Fundo Monetário Internacional e Wall Street. O Clarín, diário de maior circulação no país, avalia que a troca deixa o país ''mais distante'' de um acordo com o FMI, previsto para 2006. A reportagem destaca ainda que a mudança pode reforçar ''o populismo e o estilo personalista'' de Kirchner, uma vez que a nova ministra não tem peso político para divergir do presidente.
Kirchner tem sempre defendido uma postura mais independente da Argentina em relação a organismos internacionais. Como nas negociações com o FMI a Argentina é pressionada a aceitar várias concessões - como o aumento do superávit primário e o reajuste de tarifas públicas de empresas privatizadas -, o temor é de que o país rompa de vez com o Fundo.
''Não creio que haja uma mudança na política dos Estados Unidos em relação à Argentina, mas temo que possa haver mudanças de política da Argentina em relação a Washington'', disse ao jornal uma fonte da Casa Branca.
As resistências do governo argentino em aceitar as condições para o fechamento de um novo acordo obrigaram o país a captar recursos no mercado para arcar com dívidas que venciam com o próprio Fundo. Desde que decretou a moratória da dívida externa no fim de 2001, a Argentina não conseguiu fechar um acordo definitivo com o FMI, obtendo apenas concessões que evitaram que houvesse a suspensão dos pagamentos ao organismo.
Com agências