Título: A volta do fantasma da inflação
Autor: Daniel Helft
Fonte: Jornal do Brasil, 30/11/2005, Economia & Negócios, p. A18
A decisão do presidente argentino Néstor Kirchner de demitir Roberto Lavagna do cargo de ministro da Economia poderá abrir caminho para um aumento dos gastos públicos, acelerando a inflação, avalia Barry Eichengreen, professor de economia da Universidade da Califórnia em Berkeley. Lavagna era um dos poucos integrantes do gabinete de Kirchner a fazer pressão para que o governo contivesse os gastos e a pedir para que o Banco Central da Argentina retirasse parte do dinheiro em circulação na economia do país, estancando a escalada da inflação, afirmou Eichengreen.
- Esse é um presidente populista, que quer manter políticas monetárias expansivas. Lavagna era uma das poucas vozes racionais em meio a essa loucura - acusa.
Em outubro passado, a taxa anualizada de inflação da Argentina disparou para seu mais alto patamar dos últimos 29 meses, batendo nos 10,7%, num momento em que as empresas lutavam para atender a demanda dos consumidores em meio ao terceiro ano de crescimento econômico ao ritmo de 9%. Nos primeiros 10 meses deste ano, os gastos do governo argentino aumentaram 43% em relação ao mesmo período de 2003, segundo Martín Apaz, economista da consultoria Deloitte em Buenos Aires.
Em outubro passado, Lavagna já tinha demonstrado preocupação com reajustes salariais concedidos em negociações mediadas pelo governo, como os 20% aos petroleiros.