O Globo, n. 32514, 14/08/2022. Política, p. 14
Esquerda e bolsonarismo chegam divididos para disputa ao Senado
Bernardo Mello
A corrida pela única cadeira ao Senado neste ano é marcada pela fragmentação da esquerda e do bolsonarismo no Rio. Candidato à reeleição pelo PL, sigla do presidente Jair Bolsonaro e do governador Cláudio Castro, o senador Romário enfrenta neste campo a concorrência dos deputados federais Clarissa Garotinho (União) e Daniel Silveira (PTB), que tende a ser declarado inelegível.
Em outro lado do espectro político, Alessandro Molon (PSB) e André Ceciliano (PT) disputam o eleitorado mais afeito ao ex-presidente Lula (PT). Já o ex-deputado Cabo Daciolo (PDT), hoje mais próximo ao presidenciável Ciro Gomes, pretende disputar votos tanto à esquerda quanto em segmentos considerados mais conservadores, como os evangélicos.
O cenário marca também um novo posicionamento para Romário, eleito em 2014 pelo PSB, formalmente coligado ao PT à época. Apesar da aliança, Romário pediu votos no segundo turno para Aécio Neves, adversário da presidente Dilma Rousseff (PT), e também declarou apoio ao governador Luiz Fernando Pezão (PMDB). Clarissa, filha do ex-governador Anthony Garotinho, se lançou candidata como discurso de garantir um palanque alinhado a Bolsonaro — algo que, segundo ela, Romário não proporciona. Silveira, tido como principal destinatário dos votos do bolsonarismo, foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ataques à democracia. Mesmo tendo recebido indulto de Bolsonaro, a condenação pode torná-lo inelegível.
Molon e Ceciliano, por sua vez, mantiveram-se na corrida eleitoral após semanas de pressão do PT pela retirada da candidatura do PSB. A situação criou embaraços para Marcelo Freixo( PS B ), que fez acenosa Cecilia no, embora seja da mesma sigla de Molon.