Título: Crise política pesou no resultado
Autor: Marcelo Kischinhevsky e Mariana Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 01/12/2005, Economia & Negócios, p. A17
A crise política potencializou a queda do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre. Para o economista da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Roberto Troster, a turbulência explica o forte recuo no trimestre tanto quanto os juros altos. - Se olhamos os números de investimento, houve um freio-de-mão, por conta das turbulências políticas e o aperto monetário. Mas isso será compensado no próximo trimestre - avalia o economista, que prefere-se manter-se otimista. - É uma lombada na estrada para a praia. Agora é só engatar a quarta e seguir à frente.
Mesmo assim, Troster decidiu rever para baixo sua previsão de crescimento deste ano. Para ele, em vez dos 3,4% até então previstos, a economia se expandirá 2,6%.
O ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, sócio da Consultoria Tendências, também prevê uma melhora no último trimestre, o que permitiria fechar o ano com um crescimento de 3%.
Um dos principais problemas enfrentados pelos empresários no trimestre foi o câmbio desvalorizado, que afetou investimentos. Exemplo disso é a siderúrgica européia Arcelor, que divulgou na segunda-feira, o intuito de suspender investimentos da ordem de US$ 2,5 bilhões numa usina no Maranhão. Para Maílson, o dólar seguirá perto de R$ 2,20.
- O custo disso é alto, por isso, o governo vai comprar menos dólares no próximo ano. A desvalorização é fruto do fluxo de comércio - previu Nóbrega, que espera melhora em 2006:
- Mesmo sendo ano eleitoral, será um 2006 normal. Só haverá uma mudança dos investimentos estrangeiros se a economia americana desandar ou houver uma crise de confiança no Brasil - concluiu o economista, que participou do 2º Small Business Fórum Brasil.