Título: Política econômica, a maior vilã
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Fonte: Jornal do Brasil, 01/12/2005, Economia & Negócios, p. A18
O recuo de 1,2% no Produto Interno Bruto (PIB) gerou críticas por parte de representantes dos setores produtivos. A grande vilã, apontada de forma quase unânime, foi a política de juros altos e forte aperto fiscal.
Em nota, o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, disse não ter ficado surpreso.
''Temos insistido à exaustão quanto à necessidade de reduzir os gastos públicos, de maneira a tornar viável o controle inflacionário sem juros elevados''.
No comunicado, Skaf ressalta que o recuo no terceiro trimestre sinaliza um crescimento anual abaixo dos 3% em 2005, enquanto a economia mundial, em média, crescerá 5%. O presidente da Fiesp não faz projeções para 2006, mas lembra que o ano começará desaquecido.
''Para salvar o próximo exercício, são necessários os ajustes que defendemos''.
Economista da Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan), Luciana de Sá já começou a rever para baixo o crescimento da economia previsto para este ano. Segundo ela, a expansão ficará perto de 2,5%.
- Prevíamos início da recuperação para o quarto trimestre, mas os resultados de outubro ainda mostram acomodação na atividade, o que vai postergar a retomada para 2006 - diz, lembrando que no ano que vem a trajetória decrescente esperada para a Selic ajudará.
Além do comportamento abaixo do previsto da agropecuária, o investimento também decepcionou. Segundo Luciana de Sá, os juros altos e a paralisia no Congresso provocada pela turbulência política provocaram incertezas que fizeram os empresários pisarem no freio em termos de investimentos.
O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) defende que o retrocesso do terceiro trimestre não tem ligação com a crise política, mas com ''juros excessivamente altos, real excessivamente valorizado e de investimentos públicos excessivamente retraídos''.
As centrais sindicais também responsabilizaram a política econômica. Para o presidente da CUT, João Felício, a manutenção da meta do superávit primário em 4,25% do PIB também contribuiu para a desaceleração.
- O governo já vinha sendo alertado sobre essa queda - diz o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva.
Com Mariana Carneiro