Título: Oposição quer tirar estatal de agência de Duda Mendonça
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Fonte: Jornal do Brasil, 03/12/2005, País, p. A4
O senador José Jorge (PFL-PE) vai entrar com uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU) contra a renovação do contrato da Petrobras com a agência de publicidade de Duda Mendonça. Marqueteiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2002, Duda afirmou à CPI dos Correios que houve caixa dois em campanhas do PT naquele ano, esquema com o qual foi conivente. - O atual presidente da Petrobras (Sergio Gabrielli) é militante do PT, portanto não acho estranho que ele faça essa renovação para proteger Duda e calar a sua boca nesse período. A Petrobras é uma empresa monopolista, não tem concorrentes e, por isso, não é urgente nem relevante a contratação de agências de publicidade - afirmou o senador.
A Petrobras decidiu renovar os contratos com as agências de propaganda Duda Mendonça & Associados, Quê e F/Nazca, pelo prazo de um ano, até que a licitação para a contratação de novas agências seja concluída.
O principal argumento do senador da oposição para questionar a prorrogação do contrato é o fato de Duda Mendonça ter recebido R$ 15,5 milhões do PT em 2003 sem a emissão de nota fiscal - dos quais R$ 10,5 milhões foram depositados nas Bahamas. Esses pagamentos seriam referentes a dívidas das campanhas de 2002 e serviços prestados ao partido no ano seguinte.
- Ele se encontra sob suspeição de crimes graves, portanto não pode ganhar contratos públicos, ainda mais sem licitação. Em minha representação, solicito que o TCU suspenda o contrato e realize uma licitação pública - afirmou o senador pefelista.
O procedimento também foi criticado pelo líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).
- A realidade sugere ao menos um pouco de compostura. A Petrobras é a maior empresa estatal do país e quem faz sua publicidade é o mesmo Duda Mendonça que confessou, na CPI dos Correios, ter sido pago no exterior, por instrução de Marcos Valério, por serviços prestados ao PT - disse ele.
Em agosto, o contrato da Duda Mendonça & Associados com o Palácio do Planalto não foi renovado devido à crise política e ao envolvimento do marqueteiro em esquemas de caixa dois. Há suspeitas de que Duda já tivesse recebido dinheiro no exterior, em 1998, de campanhas feitas para o ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf (PP) e o ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB), que também confessou o esquema de caixa dois em sua campanha.
O Ministério da Justiça, a Polícia Federal e o Ministério Público já receberam da Promotoria Distrital de Nova York dados referentes à movimentação financeira da Dusseldorf - empresa de Duda Mendonça nas Bahamas. Eles tentam rastrear a origem do dinheiro que pagou as dívidas do PT. (FP)