O Globo, n. 27.149, 06/12/2007, O País, p. 10
O GLOBO ganha o Prêmio Esso de Jornalismo
Flagrante de combinação de votos entre ministros do STF sobre caso mensalão dá ao jornal o prêmio principal.
Com a reportagem Voto combinado na Corte, dos jornalistas Alan Gripp, Francisco Leali e Roberto Stuckert Filho, O GLOBO conquistou o Prêmio Esso de Jornalismo 2007. Publicada em 23 de agosto, a reportagem mostrou que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) combinaram votos por e-mail na sessão que analisava a denúncia contra os 40 acusados do mensalão petista. O flagrante, mostrado pelo GLOBO em manchete na primeira página, com os diálogos trocados entre ministros, mudou os rumos do julgamento no STF, como admitiu, uma semana depois, o ministro Ricardo Lewandowski.
Alertado sobre o hábito dos ministros de trocarem mensagens durante o julgamento, o repórter fotográfico Roberto Stuckert Filho concentrou seus flashes nos laptops e captou conversas entre Lewandowski e a ministra Cármen Lúcia, nas quais eles demonstravam que poderiam rejeitar a denúncia contra acusados do mensalão. Na redação, ao analisar as mensagens, os repórteres viram que tinham em mãos um material da maior importância sobre a mais alta Corte do país e um dos julgamentos mais importantes de sua história.
"Coragem de publicar"
Ao receber o prêmio, na cerimônia de anteontem, no Copacabana Palace, no Rio, Francisco Leali, coordenador da editoria Nacional na sucursal do GLOBO em Brasília e um dos autores da reportagem, ressaltou a coragem do jornal ao publicar o trabalho:
A matéria reuniu o olhar mágico do Roberto Stuckert com o trabalho de equipe. E o jornal teve a coragem de publicar e mostrar que tudo deve ser transparente. Que não há quem possa ser protegido por uma coisa ou outra disse Leali, lembrando que O GLOBO não hesitou em dar manchete para o flagrante.
Ali, a sessão do STF era pública, as pessoas eram públicas, e o assunto era público. O jornal teve sempre isso claro. Sabíamos que tínhamos uma baita história nas mãos completou Leali.
A comissão que escolheu o Esso de Jornalismo foi composta pelos jornalistas Cláudio Henrique, João Máximo, José Márcio Mendonça, Matias Molina e Nelson Lemos.
O jornal Extra ganhou o Esso de Primeira Página, com o trabalho Autoridades já fizeram até piada com a crise aérea, e quem chora somos nós, dos jornalistas Luiz Vieira Junior, Marlon Brum e Octavio Guedes, publicada no dia seguinte à queda do avião da TAM, em São Paulo.
O Esso de Reportagem foi dado ao jornalista Lucas Figueiredo, com O livro secreto do Exército, do jornal Estado de Minas. O trabalho mostrou como a luta armada foi registrada por militares da linha dura.
Na categoria Telejornalismo, os vencedores foram Giovani Grizotti, Cristiane Pastorini e Guto Teixeira, da Rede Brasil Sul de Comunicação (RBS), com a reportagem Fantasmas de Sapucaia. O trabalho mostrou que assessores da Câmara Municipal de Sapucaia, no interior do Rio Grande do Sul, recebiam salário sem trabalhar.
O fotógrafo Tiago Brandão, do jornal Comércio da Franca, ganhou o Esso de Fotografia pela imagem Mãe salva filho em piscinão. A foto registrou o momento em que Maria Jerônima Campos, de 36 anos, desesperada, jogou-se em um poço, mesmo sem saber nadar, para salvar seu filho de 9 anos que caíra no local pouco antes.
A ONG Contas Abertas, que acompanha e divulga a execução orçamentária, financeira e contábil da União, recebeu o prêmio de Melhor Contribuição à Imprensa em 2007.
O Esso de Informação Econômica coube a Paulo Totti, do Valor Econômico, com China, o império globalizado. Com o trabalho Mares do Sertão, os jornalistas Cláudio Ribeiro, Demitri Túlio, Luiz Henrique Campos, Rafael Luis e Fátima Sudário ganharam na categoria Informação Científica, Tecnológica e Ecológica. O prêmio de Criação Gráfica, na categoria jornal, foi para Cristhian Lira e Maurenilson Freire, com o trabalho Anjos do ódio, do Correio Braziliense. Já na categoria revista, Luiz Iria, Bernardo Borges, Cláudia de Castro Lima, Débora Bianchi, Fabio Otubo, Maria Carolina Cristianini, Maria Dolores Duarte e Sattu ganharam com Sete maravilhas do mundo, publicado em Aventuras na História.
Na categoria Interior, Herculano Barreto Filho venceu com a reportagem Agressão policial e morte do pedreiro Vilson, do Correio de Gravataí. Coube a Fabiana Moraes, com A vida mambembe, do Jornal do Commercio (de Recife), o prêmio na categoria Regional 1. Na Regional 2, foi premiado o trabalho O serviço secreto do Itamaraty, de Cláudio Dantas Sequeira, do Correio Braziliense. Já o Regional 3 ficou com Christiane Samarco, com Golpe nas vítimas da Gol, publicado no jornal O Estado de S.Paulo.
Os vencedores foram escolhidos entre 38 finalistas selecionados de um total de 1.173 trabalhos inscritos, sendo 552 reportagens, séries de reportagens ou artigos; 141 trabalhos fotográficos; 215 trabalhos de criação gráfica em jornal, 104 trabalhos de criação gráfica em revista e 90 primeiras páginas, além de 68 trabalhos de telejornalismo e três inscrições ao Prêmio de Melhor Contribuição à Imprensa.