Título: Presidente defende a punição
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Fonte: Jornal do Brasil, 03/12/2005, Internacional, p. A7
Enquanto cai a aprovação da pena de morte pelos americanos - passando de 80%, no final dos anos 90, para 64%, este ano -, o presidente dos Estados Unidos, George Bush, aproveitou a ocasião da milésima execução para defender a medida.
O porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, afirmou ontem que, para Bush, a punição, ''em última instância, ajuda a salvar vidas inocentes'' e deve ser administrada ''rapidamente, com imparcialidade e segurança''. McClellan ressaltou que o presidente, que autorizou 152 execuções quando era governador do Texas, foi o promotor da expansão do uso dos testes de DNA para evitar condenações erradas.
A pena de morte está em vigor em 38 dos 50 estados americanos. Segundo o Centro de Informação sobre a Pena de Morte dos EUA, das mil execuções desde 1976, o Texas foi responsável por 355, seguido pela Virgínia, com 94, e Oklahoma, que condenou 79 pessoas.
O total, no entanto, diminuiu 40% desde a última década. Nos últimos 32 anos, 122 réus que esperavam a condenação foram absolvidos e liberados. Hoje, quase três mil pessoas estão à espera da aplicação da sentença nas prisões americanas.
A maioria dos americanos acha que o sistema não é perfeito e acredita que houve casos de condenação de inocentes devido a erros judiciais ou a uma defesa ruim dos condenados. Se fosse possível escolher entre uma execução ou a prisão perpétua, 50% dos entrevistados escolheriam a primeira opção.
A União Européia, por sua vez, voltou a pedir ontem que os EUA suspendam temporariamente a aplicação da pena de morte, como passo prévio para sua abolição legal.
Em declaração, lembrou a posição do bloco em favor de uma ''abolição universal'' da pena capital, que não é vigente em nenhum de seus Estados-membros. A UE disse considerar a punição ''cruel, desumana, não dissuasória e causadora de danos irreversíveis em caso de erro judicial''.