Título: Há quem ache que, no poder, tudo pode
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 04/12/2005, País, p. A4

A Controladoria Geral (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU) deveriam olhar para uma prática antiga da Esplanada em todos os governos. Para alguns pode ser bobagem, mas trata-se de mais um exemplo do descaso com a tal ¿coisa pública¿ daqueles que chegam ao poder. Reza a norma do uso dos carros oficiais que só ministros e secretários executivos podem usufruir desse transporte. Os demais, apenas em serviço.

De acordo com um experiente conhecedor dos meandros da capital, funcionários de segundo escalão se utilizam de todo tipo de artifício para burlar a lei. Como Brasília é dividida em setores, ida ao aeroporto, por exemplo, é justificada nas planilhas de custos como ¿deslocamento ao setor de cargas¿, como se o funcionário fosse trabalhar.

Viagens, em especial dos que moram fora da cidade são constantes. Por isso, o que aparece de serviço no tal ¿setor de cargas¿ não é nada desprezível. Quem desfila à noite com a namorada a bordo do carro oficial e depois dá uma esticadinha na Asa Norte, por exemplo, regista na planilha ¿ida ao setor hospitalar¿.

É a esperteza da malandragem.