Valor Econômico, v. 20, n. 4977, 08/04/2020. Brasil, p. A4
Ibre, Itaú e BNP cortam previsão do PIB para queda de até 4%
Bruno Villas Bôas
Ana Conceição
Lucas Hirata
Victor Rezende
Os impactos do coronavírus sobre a atividade econômica mundial e doméstica seguiram ontem provocando revisões nas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. As projeções apontam para queda de 2,5% a 4% do PIB em 2020.
O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), por exemplo, cortou sua projeção para o PIB de 2020 de queda de 0,9%, divulgada há duas semanas, para uma baixa de 3,4%. No início do ano, a expectativa era de crescimento de 2,2% em 2020.
Segundo Luana Mirana, economista do Ibre/FGV, a previsão anterior de queda do PIB, divulgada há duas semanas, estava “calibrada” pelo Índice de Condições Financeiras (ICF), único dado disponível até então.
“Agora incorporamos sondagens especiais sobre o coronavírus, com respostas das empresas, e o cenário do mercado de trabalho em outros locais, como China, Estados Unidos e países da Europa. Conseguimos ter uma proxy mais razoável”, disse.
Os detalhes sobre a revisão, incluindo as projeções para os componentes da oferta e da demanda, serão divulgados futuramente pelo Ibre/FGV em estudo. Para o primeiro trimestre, o Ibre/FGV mantém, por ora, a previsão de queda de 0,1% em relação ao quarto trimestre de 2019.
O Itaú Unibanco citou efeitos mais intensos do que o esperado da pandemia do novo coronavírus, em especial na primeira metade do ano, ao revisar sua projeção do PIB de 2020 de queda de 0,7% para baixa de 2,5%. Em relatório, previu alta de 4,7% da atividade em 2021, abaixo do anteriormente previsto (+5,5%).
De acordo com estimativas do Itaú, o PIB encolheu 2,1% no primeiro trimestre e haverá retração de 6,5% no segundo trimestre. O choque pode, afetar a situação financeira das empresas e das famílias, o que agiria como um fator limitador da normalização no segundo semestre deste ano.
“Há um grau considerável de incertezas sobre as projeções do PIB para este ano, que deriva da duração do lockdown/medidas de isolamento e da velocidade de recuperação no segundo semestre deste ano”, afirmam os economistas do Itaú.
O banco BNP Paribas revisou a projeção de queda do PIB de 2020 para 4%, bem aquém da projeção divulgada há um mês (-1,5%), Desde então, o cenário se deteriorou com a disseminação do coronavírus e as medidas de isolamento necessárias para conter a pandemia.
“Com mais dados disponíveis e levando as medidas tomadas pelo governo, agora esperamos contração de 4%”, escrevem os economistas, acrescentando que as medidas anunciadas pelo governo para conter o impacto da pandemia de covid-19 representam 10% do PIB.