Título: Fim de ano confirma apatia, sustenta IBGE
Autor: Sabrina Lorenzi e Juan Velázquez
Fonte: Jornal do Brasil, 03/12/2005, Economia & Negócios, p. A19

A apatia da economia em outubro comprova que os números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrando a retração no terceiro trimestre estão próximos à realidade. Faltam, contudo, dados de novembro e dezembro sobre produção industrial, emprego, renda, inflação, para que o IBGE faça a revisão da taxa trimestral, uma prática comum do instituto. O presidente do IBGE, Eduardo Nunes, afirma que a retração que surpreendeu mercado e governo só poderá ser revisada para um número positivo se houver ''uma explosão de vendas para o Natal, o que não parece estar acontecendo até agora''. O IBGE calcula as taxas que comparam trimestre em relação ao imediatamente anterior com base em estimativas. Para saber se os números considerados atípicos no terceiro trimestre foram realmente incomuns, o instituto precisa conhecer o quarto trimestre.

- Quanto mais parecidos forem os trimestres (o terceiro e o quarto), menor será a revisão - avisa Nunes. - Somente se ocorrer algo muito positivo na economia em dezembro o dado do IBGE será revisado com diferença significativa.

Nunes preferiu não polemizar diante das críticas de diretores do Banco Central, que, em reunião com analistas de mercado, estranharam os números divulgados pelo instituto. Os presidentes do IBGE e do BC, Henrique Meirelles, se falaram por telefone para pôr o assunto em pratos limpos. De acordo com Nunes, houve um mal-entendido e Meirelles negou que o Banco Central tenha duvidado dos números sobre o PIB. Em São Paulo, Meirelles reiterou a negativa de que diretores do BC tenham sugerido erro do IBGE.

- Eu não ouvi este comentário na reunião do BC. Não sei de onde surgiu este comentário, mas certamente nenhum diretor do Banco Central expressou esta opinião, porque eu estava presente e ouvi toda a reunião - disse Meirelles.