Correio Braziliense, n. 21862, 24/01/2023. Política, p. 3

Múcio: ataque golpista não terá perdão

Raphael Felice


O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, disse, ontem, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “não vai perdoar ataques golpistas” e que as investigações sobre os responsáveis “vão até o fim”. A afirmação foi feita depois do café da manhã que teve com o comandante do Exército, o general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, ex-comandante militar do Sudeste.

A principal missão de Tomás será pacificar o Exército e ajudar o governo federal a ajudar a identificar, abrir investigações e exonerar militares que tenham apoiado ou participado dos atos golpistas de 8 de janeiro. Mas o comandante tem outra missão: solucionar o impasse sobre o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, indicado pelo governo anterior para assumir o 1º Batalhão de Ações e Comandos (BAC), em Goiânia, no começo de fevereiro.

Além disso, Cid é acusado de operar um suposto caixa 2 no Palácio do Planalto e de pagar várias despesas de Bolsonaro e sua família com os cartões corporativos da Presidência da República — inclusive fazendo saques em dinheiro vivo em uma agência bancária dentro do Palácio do Planalto. O novo comandante do Exército assumiu o compromisso de dar uma solução para o caso do tenente-coronel, mas quer fazê-lo de forma a evitar mais mal-estar junto à tropa.

Segundo Múcio, Tomás está “entusiasmado” para assumir o comando e que precisará aparar arestas. “Ele prometeu servir ao país no comando do Exército. Está entusiasmado. Evidentemente que existem algumas costuras internas para fazer, a coisa foi muito rápida, mas nós tínhamos que fazer o que foi feito”, disse o ministro.

Há o consenso entre Lula e a cúpula do governo federal mais próxima do presidente de que houve tolerância do ex-comandante do Exército Júlio César Arruda com os acampamentos de extremistas bolsonaristas que se espalharam pelo país. Além disso, pesa contra ele a suspeita de que teria atuado contra a desmobilização dos grupos que se acantonaram nas portas dos quarteis.

Exonerações

Em meio às investigações dos responsáveis pelas invasões das sedes dos Três Poderes, o governo federal fez, ondem, mais uma rodada de exonerações de militares em cargos no Poder Executivo. Seis militares alocados na Presidência da República, Vice-Presidência e Gabinete de Segurança Institucional (GSI) foram exonerados, segundo o Diário Oficial da União (DOU). Na semana passada, 62 perderam cargos na administração pública.

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