Correio Braziliense, n. 21862, 24/01/2023. Política, p. 4

Moraes amplia investigação do golpe

Henrique Lessa


O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acatou a solicitação da Procuradoria-Geral da República (PGR) e determinou ontem o fatiamento da investigação dos ataques terroristas de 8 de janeiro. Com a decisão, são sete os inquéritos abertos para a apuração dos atos golpistas. A apuração deve focar na participação de cada envolvido na tentativa de golpe de Estado: quem financia, quem executa e quem planeja. As três novas investigações correm em sigilo.

O planejamento e a responsabilidade intelectual dos atos golpistas ficarão no Inquérito 4921 — no qual o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pode vir a ser investigado como um dos mentores dos ataques. Já o Inquérito 4920 deve apurar os financiadores e fornecedores de insumos para os atos antidemocráticos. O Inquérito 4922, por sua vez, investigará quem efetivamente participou da depredação dos palácios e ainda não foi preso pela PF. Essa última investigação deve reunir as denúncias recebidas a partir de postagens em redes sociais para a identificação civil de quem escapou do flagrante — quem foi preso em flagrante já está sendo investigados em outro processo.

“Há requisitos específicos para responsabilização penal por autoria intelectual e por participação por instigação, que diferem, em parte, dos requisitos aplicáveis aos executores materiais e daqueles aplicáveis aos financiadores e por participação por auxílio material”, disse o STF na nota. Os crimes investigados são terrorismo, associação criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, ameaça, perseguição e incitação ao crime.

Vândalo do relógio

Antônio Cláudio Alves Ferreira, de 30 anos, bolsonarista que, na invasão ao Palácio do Planalto, destruiu um relógio raro do Século XVII, foi preso ontem em Uberlândia (MG). Ao ser identificado por parentes e conhecidos de Catalão, no interior de Goiás, onde mora, abandonou a casa que alugava e fugiu. O relógio destruído por Ferreira foi fabricado entre 1650 e 1700 pelo relojoeiro francês Balthazar Martinot e foi um presente da corte francesa para Dom João VI, que trouxe a peça para o Brasil, em 1808.

Leia em: https://flip.correiobraziliense.com.br/index.php?id=/banca.php