Correio Braziliense, n. 21862, 24/01/2023. Política, p. 4
Nos EUA, Bolsonaro está fora do alcance
O ministro do Tribunal Superior Eleitoral Benedito Gonçalves deu um prazo de cinco dias para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) manifestar-se sobre as postagens em que questionou a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O prazo, porém, só começa a contar a partir do momento em que o ex-presidente for citado, mas ele está em Orlando, nos Estados Unidos, o que dificulta o andamento das ações que correm contra ele no Brasil.
Para formalizar a citação, o Tribunal depende agora da informação sobre o endereço de Bolsonaro. O ex-presidente viajou para o Estados Unidos faltando apenas dois dias para o fim do seu mandato e, agora, com o cerco da Justiça brasileira, pode permanecer mais tempo por lá, segundo fontes próximas a Bolsonaro.
Empresários aliados do ex-presidente apontam que ele pode começar a fazer palestras em solo americano. Seis, a US$ 10 mil cada (cerca de R$ 52 mil), já estariam negociadas. Os ganhos como palestrante ajudariam o ex-presidente a adiar seu retorno ao Brasil.
Essa permanência de Bolsonaro fora do país é apontada por juristas como uma possível tentativa de dificultar o trabalho da Justiça na apuração do seu envolvimento — como incentivador — nos atos de 8 de janeiro.
Explicações
O processo no TSE se refere a uma mensagem publicada em perfil oficial de uma rede social dois dias após os atentados contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília. Na publicação, Bolsonaro reproduz um vídeo que questiona o resultado das eleições de 2022 com dizeres “Lula não foi escolhido pelo povo. Ele foi escolhido e eleito pelo STF e TSE”.
Na decisão, o ministro Gonçalves reforça a hipótese de que o ex-presidente estaria “incutindo nos eleitores o sentimento de insegurança e descrença no sistema eleitoral e, por consequência, atentando contra a existência do próprio Estado Democrático de Direito”. (HL)
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