Título: PT paulista marca prévias
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Fonte: Jornal do Brasil, 05/12/2005, País, p. A2
Apesar das juras de delicadeza, a ex-prefeita Marta Suplicy e o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), começaram ontem sua guerra pela preferência do partido para a disputa ao governo de São Paulo no ano que vem. Num típico corpo-a-corpo no encontro estadual do PT, Marta vibrou ao ver derrotada a proposta do prefeito de Guarulhos, Elói Pietá, cabo eleitoral de Mercadante, para que não fosse fixada a data da prévia no PT. A escolha do candidato foi programada para 7 de maio. Os dois também manifestaram opiniões bem diferentes sobre a possibilidade de ingerência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Enquanto Mercadante espera pelo patrocínio de Lula, Marta descarta a idéia de atender até a um apelo do presidente.
- Lula já teve a oportunidade dele. E não fez. Fui lá. Coloquei que estava me candidatando. Ele ouviu, deu palavras de estímulo e vai se manter na expectativa - disse a ex-prefeita.
Marta repetiu que o presidente prometera ''manter-se à distância''.
- No partido, não vai bem imposição. O presidente, da mesma maneira que sabe que prévia pode virar uma coisa sangrenta, também sabe que é preciso ter respeito pelo partido.
Lembrando que São Paulo vai ter papel decisivo na disputa nacional, o senador aposta na manifestação de Lula, porque ''ele sempre opinou''.
- A opinião dele, tenho certeza, será considerada pelo respeito, prestígio e liderança que tem no partido.
Ontem, um dia depois de se lançarem à revelia de Lula, Marta e Mercadante trocaram farpas. Exaltando sua agenda de viagens pelo interior, Marta disse que para concorrer ao governo é preciso ''conhecer muito bem o Estado. Não pode saber só de números''.
Ainda que não se refira diretamente a Mercadante, Marta deu o recado:
- Estar andando é superinteressante. Não faço só o discurso. Fico ouvindo. Estou aprendendo. Estou escutando - disse.
Confrontado com as declarações, o senador disse ter percorrido o interior ao longo de mandatos e como candidato a vice de Lula em 1994.
- Não vou para o interior só quando sou candidato. Estou sempre andando pelo interior. Fiz campanha em São Paulo ativamente. Apoiei Marta com muito entusiasmo - disse ele, ressaltando sua participação na campanha da ex-prefeita.
(Folhapress)