Correio Braziliense, n. 21864, 26/01/2023. Cidades, p. 13

Sandro Avelar assume a Segurança Pública

Amanda Sales
Pablo Giovanni


O delegado da Polícia Federal Sandro Avelar retorna ao comando da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF). O nome dele foi confirmado pela governadora em exercício Celina Leão (PP), ontem, em coletiva de imprensa no Palácio do Buriti.

Inicialmente, Celina mapeou três nomes que poderiam assumir a SSP-DF: Cláudio Bandel Tusco, indicação do Partido dos Trabalhadores (PT); Júlio Danilo, secretário responsável pela posse presidencial de 1° de janeiro de 2023, e Sandro Avelar. O novo secretário do GDF foi lembrado por integrantes do próprio governo, por ele já ter sido secretário na gestão do ex-governador Agnelo Queiroz (PT). Todos os avaliados são delegados da Polícia Federal. O Correio ouviu de interlocutores do governo local que o perfil traçado pela governadora manteve-se com nomes de dentro da PF, justamente para dar sequência à “fórmula” que estava dando certo.

Apesar de o último desse perfil ter sido Anderson Torres, demitido pelo governador afastado Ibaneis Rocha (MDB) durante os atos terroristas de 8 de janeiro, a avaliação é de que o ex-ministro de Bolsonaro fez um bom trabalho, segundo esses interlocutores, à frente da pasta na sua primeira passagem, entre 2019 e março de 2021. Assim que Torres saiu da secretaria para assumir a Justiça na época, Júlio Danilo conduziu a pasta de forma correta, atestaram.  

Os nomes sugeridos por Celina passaram pelo crivo do novo ministro da Justiça, Flávio Dino. O ex-governador do Maranhão reuniu-se com sua equipe e deu sinal positivo para que a governadora avançasse nas tratativas com um dos três delegados. Conforme adiantou a jornalista Ana Maria Campos, da coluna Eixo Capital, Avelar e a governadora em exercício se reuniram no Palácio do Buriti, na noite da última segunda-feira. O martelo foi batido por Celina anteontem.

Na coletiva, a governadora demonstrou otimismo com a chegada de Avelar, e lembrou que o novo chefe da pasta terá um teste de fogo: a posse dos deputados federais e dos senadores, em 1° de janeiro. “Viemos, em nome do GDF, fazer o anúncio do novo secretário de Segurança Pública. Com certeza, estamos em um momento em que ainda há um alerta por conta da posse da Câmara, Senado e do Supremo. No dia 1º, tenho que ter um secretário que já conheça o esquema de segurança”, afirmou Celina.

 O interventor, Ricardo Cappelli, destacou durante a coletiva que irá trabalhar em conjunto com Avelar  na transição da segurança, inclusive no planejamento para que tudo ocorra tranquilamente em Brasília no próximo dia 1º,quando acontece a reabertura do ano no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Congresso Nacional. “Em função disso, a governadora decidiu antecipar o anúncio do secretário de Segurança do DF, para que possamos iniciar o processo de transição com absoluta harmonia e restabelecer tranquilidade”, disse Cappelli.

Sobre o convite, Avelar acredita que aconteceu porque ele tem um perfil técnico. O novo secretário reafirmou o discurso de toda a cúpula do GDF, ao destacar confiança nas forças de segurança do DF. “Recebo esse convite como uma missão. Já estive nesse cargo antes, quero trazer esse espírito de colaboração para ajudar o país a manter a ordem”, afirmou Avelar. “Eu acho que fui convidado pelo meu perfil técnico, a minha ideia é chegar e avaliar os trabalhos que vêm sendo desenvolvidos (...) Confio absolutamente nas forças de segurança do DF. Chego com tranquilidade, sabendo que vou ter tempo de conhecer a equipe que está trabalhando”, completou (confira perfil)

*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira

 

 Memória

 Em 8 de janeiro, golpistas bolsonaristas partiram em direção à Praça dos Três Poderes sem nenhum tipo de contenção policial. Por volta das 15h, eles romperam a barreira de proteção das forças de segurança do Distrito Federal e invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o STF. Em seguida, passaram a depredar diversos objetos e salas dos três prédios.

No Congresso, entraram no Salão Verde da Câmara dos Deputados, área que dá acesso ao plenário da Casa. Os equipamentos de votação no plenário foram vandalizados e também usaram o tapete do Senado de “escorregador”. Lá no Palácio, depredaram diversas salas na sede.

Na sede da justiça, quebraram vidros da fachada e chegaram até o plenário da Corte, onde arrancaram cadeiras do chão e o Brasão da República — que era fixado à parede.

Às 17h, o então governador Ibaneis Rocha (MDB) telefona e comunica a demissão do secretário de Segurança Pública, Anderson Torres. O ex-ministro de Bolsonaro não recebeu muito bem a notícia, e desligou o telefonou na cara do chefe do Executivo local. Desde então, nenhum dos dois se falaram mais.

Após os atos, o então comandante da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), coronel Fábio Augusto, determina que as tropas da corporação prendam os golpistas, que retornaram ao QG do Exército, no Setor Militar Urbano (SMU). No entanto, a entrada dos militares é rechaçada pelo comandante do Exército, o general Júlio César de Arruda. No mesmo dia, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), decreta intervenção federal na segurança pública do DF. O ministro do STF Alexandre de Moares afastou Ibaneis por 90 dias. No dia seguinte, cerca de 1,5 mil pessoas foram detidas, de acordo com o ministro Flávio Dino, pela PMDF.

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