Título: Turistas são o alvo preferido
Autor: Cristiane Madeira
Fonte: Jornal do Brasil, 05/12/2005, Brasília, p. D3

Na tese apresentada à UnB, Sérgio confirma a preferência das prostitutas do setor hoteleiro pelos turistas. - Eles não conhecem outros pontos de comércio de sexo e por isso elas podem aproveitar para cobrar mais caro - analisa.

Os encontros acabam acontecendo em quartos de hotel por diversas razões. Uma delas é a distância e a falta de conhecimento dos turistas sobre a localização dos motéis. Além disso, são poucos os que alugam carros durante a estada, o que dificulta o acesso e programas dentro de veículos.

Mas, apesar do lugar onde fazem ponto, somente 10% da clientela dessas prostitutas é formada por homens que vem de fora da cidade. A constatação também é de Sérgio Maggio.

- A maioria é formada por pessoas de Brasília, que já conhecem os pontos onde elas podem ser encontradas. Os programas são feitos, em geral, dentro dos carros, em lugares desertos à noite como o parque da cidade, próximo ao Setor Hoteleiro Sul. São poucos os que se deslocam para motéis - revela.

Mesmo não sendo o foco da tese de mestrado, Maggio pesquisou e constatou que a prostituição no Plano Piloto de Brasília é setorizada. Garotos de programa ficam à espera de clientes na região do Conjunto Nacional e Conic, enquanto travestis também circulam pelo Conic e Setor Comercial Sul.

No caso de mulheres, o preço do programa varia de acordo com o zoneamento. As mais jovens e articuladas ocupam as calçadas dos hotéis mais luxuosos, enquanto as de articulação média ficam nas quadras 314 e 315 Norte, e as menos articuladas mantêm pontos no Eixão Norte e W3 Norte.

O que diz a lei -Não há outra alternativa para os hotéis. Eles têm de conviver com as prostitutas porque não há meios legais de tirá-las do Setor Hoteleiro. Prostituição não é crime no Brasil. É considerado crime somente o incentivo à prostituição e cafetinagem, ou seja, o aproveitamento e o lucro com a prostituição alheia. A profissão está inserida no Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho e Emprego.

O estudo realizado pelo jornalista mostra a prostituição como um fenômeno social, presente em quase todos os países do mundo e em toda a história da humanidade.

De acordo com ele, o preconceito está ligado às profissionais do sexo, principalmente porque existem associações a menores de 18 anos, uso de drogas, violência e confusão.

- Prostituição não é uma anomalia, uma doença. É resultado da falta de políticas públicas que garantam outras oportunidades às mulheres. Claro que existe todos os tipos de caso. As que estão por necessidade, e as que gostam do que fazem - diz Maggio.