Título: Vale de olho na Brasil Ferrovias
Autor: Marcelo Kischinhevsky
Fonte: Jornal do Brasil, 06/12/2005, Economia & Negócios, p. A17

O insaciável apetite da Companhia Vale do Rio Doce vai de projetos de mineração a investimentos em siderurgia, passando por novidades em ferrovias a até mesmo cabotagem. O presidente da companhia, Roger Agnelli, indicou que a Vale participará da disputa pelo controle da Brasil Ferrovias. E o diretor de Comercialização e Logística da mineradora, Mauro Dias, informou que existe interesse em formalizar as operações na ferrovia Norte-Sul, onde a Vale opera um trecho sem devida concessão.

- Temos a operação com contrato antigo, de governos anteriores - explicou Dias, ao ser indagado sobre o trecho que permite o escoamento da soja e outras culturas do Maranhão ao Porto de São Luiz. Segundo ele, a formalização das operações que a Vale já detêm sobre o trecho da Norte-Sul pode ser feita por meio de licitação.

Em estudo divulgado em meados deste ano, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mostra a necessidade de ''ficar claro qual a posição da Vale'' na ferrovia Norte-Sul para a construção da Transnordestina. Na avaliação do banco, as ferrovias poderiam acabar concorrendo entre si, sem demanda por transporte suficiente para os dois projetos. Mauro Dias discorda.

- Falar em concorrência na logística não é o caso.

Roger Agnelli, por sua vez, não descartou a intenção em adquirir a Brasil Ferrovias. ''Temos interesse'', respondeu. A consultoria Angra Partners foi recentemente contratada pelos controladores da empresa para colocá-la à venda. BNDES, Previ e Funcef pretenderiam se desfazer da Brasil Ferrovias, em busca de novos investidores.