Título: Malogra debate sobre o lixo do DF
Autor: Eruza Rodrigues
Fonte: Jornal do Brasil, 06/12/2005, Brasília, p. D3

Os deputados distritais Peniel Pacheco (PDT) e Odilon Aires (PMDB) tentaram discutir com a direção do Serviço de Ajardinamento e Limpeza Urbana (Belacap) a destinação do lixo orgânico e inorgânico do Distrito Federal, mas o esforço não surtiu efeito. O seminário sobre o tema, promovido ontem pela Câmara Legislativa, foi um fiasco. Apenas 30 pessoas compareceram ao debate - mais da metade eram funcionários da Casa. Nenhuma autoridade do governo do DF apareceu. - A nossa intenção era esclarecer as questões acerca da construção do novo aterro sanitário em Samambaia. Convidamos os órgãos envolvidos [Belacap, Secretaria de Meio Ambiente, Administração de Samambaia], todos confirmaram a presença, mas não apareceram - lamentou Peniel Pacheco, um dos autores da proposta.

O deputado Augusto Carvalho criticou, mais uma vez, a postura do GDF de manter o diretor da Belacap, Luiz Antônio Peres Flores, no cargo. Na semana passada, o Tribunal de Contas do DF determinou o afastamento de Flores enquanto o contrato entre a autarquia e a Qualix, responsável pela coleta de lixo no DF, for alvo de investigações.

- O contrato não foi cumprido e as irregularidades estão aí. Há uma promiscuidade entre contratante e contratado. É mais fácil dissolver a Belacap do que o Flores cair - frisou Carvalho.

Análise - O chefe da Divisão Técnica do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Ibama-DF), Michael Marcuso, disse no seminário um estudo constatou que 38 áreas do DF podem receber um aterro sanitário. Desse total, a Belacap fez a vistoria em cinco locais.

- O Ibama verificou que a Área 3, em Ceilândia, pode abrigar um aterro. A região da Expansão de Samambaia está em fase de análise. Estamos aguardando a conclusão do estudo - alertou o técnico.

De acordo com Marcuso, o órgão responsável pela concessão da licença ambiental da obra é a Secretaria de Meio Ambiente, já que o aterro fica fora da Área de Preservação Ambiental (APA) do Planalto Central. Ele informou ainda que os estudos da região são muito importantes, pois os resíduos podem contaminar o solo e os recursos hídricos.

Revoltado, o líder comunitário da Expansão de Samambaia, Vicente Jorge de Souza, disse que os moradores não foram consultados sobre a possibilidade de ter um lixão na cidade. Segundo ele, além do mau cheiro, os imóveis da região serão desvalorizados.

- O governador Joaquim Roriz quando fez Samambaia disse que a cidade era a menina de seus olhos. Acho que agora ele cegou e ainda quer nos dar um presente de Natal: o lixão - reclamou.