Correio Braziliense, n. 21869, 31/01/2023. Brasil, p. 6

Lula anuncia: não haverá mais garimpo

Henrique Lessa


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro, ontem, que o governo acabará com toda a forma de garimpo — sobretudo o ilegal — na Amazônia dentro das terras indígenas. O anúncio se refere à crise humanitária dos ianomâmis, que vêm sendo assolados por doenças e desnutrição provocada pelos exploradores que fazem mineração.

“Vamos tirar os garimpeiros de lá e vamos cuidar do povo ianomâmi, que precisa ser tratado com respeito”, assegurou, ao lado do chanceler alemão Olaf Scholz, depois de se encontrarem no Palácio do Planalto.

Lula também disse que “quando o Estado brasileiro quer tomar decisão, ele toma e acontece”. E decretou tolerância zero do seu governo com o garimpo — que foi vastamente estimulado durante o governo Bolsonaro.

“Temos que parar com a brincadeira. Não terá mais garimpo. O governo brasileiro vai tirar e acabar com qualquer garimpo a partir de agora. E não vai haver mais, por parte da Agência de Minas e Energia, permissão para alguém ter autorização para fazer pesquisa, em qualquer área indígena”, frisou.

Segundo o presidente, “o Brasil voltará ser um país que respeita as leis”. Sem citar Bolsonaro, fez duras críticas ao antecessor: “Não é possível que alguém veja as imagens de sábado passado e fique quieto. Não é possível. Na verdade, nós tivemos um governo que pode ser enquadrado como genocida. Porque ele é um dos culpados por aquilo acontecer. Ele fazia propaganda de pessoas de garimpo, que jogavam mercúrio. Está cheio de discurso dele dizendo isso. Então, é nossa decisão parar com a brincadeira. Não terá mais garimpo. Se vai demorar um dia ou dois, não sei. Pode demorar um pouco, mas nós vamos tirá-los”, garantiu.

Scholz, por sua vez, salientou a conexão da Alemanha com o governo Lula na pauta da transição verde e da defesa da Amazônia. “Queremos ser parceiros para o Brasil atingir seus objetivos, alinhados como os nossos”, disse o chanceler, destacando a ajuda financeira anunciada ontem. “É sinal que será um apoio de continuidade, porque temos um objetivo comum”, observou.

O chanceler saudou a volta do Brasil à discussão ambiental da comunidade internacional. “É, de fato, uma boa notícia para o nosso planeta o compromisso do presidente Lula em combater a mudança climática”, exultou.