Título: Escândalo derruba diretora da ONU
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 07/12/2005, Internacional, p. A12

A alta funcionária da ONU Carina Perelli, de nacionalidade uruguaia, foi demitida por ter tolerado ''práticas de assédio sexual e favoritismo'' durante o serviço. A decisão entrou em vigor de imediato, anunciou um porta-voz das Nações Unidas, explicando que Carina foi informada das razões em carta.

- O documento dizia que foi demitida sumariamente por má conduta, incluindo assédio sexual - disse o funcionário.

A demissão aconteceu depois de uma investigação do serviço de Recursos Humanos da ONU. Um relatório independente acusou Perelli, encarregada da Divisão de Apoio Eleitoral da ONU, de favoritismo, de ter criado uma atmosfera permissiva e de ausências durante sua gestão.

- Tolerância zero significa tolerância zero. Temos a responsabilidade de intervir para pôr fim a estas práticas - frisou o porta-voz.

A demissão acontece a menos de dez dias das eleições legislativas no Iraque, previstas para 15 de dezembro. Carina Perelli, de 48 anos, ainda pode apelar da decisão diante de uma comissão disciplinar. Ela tinha sido elogiada no passado por seu trabalho no Iraque, Afeganistão, Timor Leste e Serra Leoa. Os americanos também a parabenizaram pela organização do referendo sobre a Constituição iraquiana.

O afastamento foi questionado pelo embaixador americano na ONU, John Bolton.

- Uma decisão como esta deve ser tomada de forma coerente e (...) de maneira que não perturbe os programas em curso - destacou. - Acho que o papel das Nações Unidas nas eleições é algo que temos enfatizado e, quando a cúpula do escritório é submetida a matérias na imprensa, isso leva à seguinte pergunta: que efeito terá no terreno no Iraque? - completou Bolton.

Perelli, no entanto, estava afastada do Golfo desde outubro, quando o canadense Craig Jenness assumiu os assuntos eleitorais da ONU no país.