Título: Crescimento revisto para baixo
Autor: Sabrina Lorenzi
Fonte: Jornal do Brasil, 07/12/2005, Economia & Negócios, p. A18

A indústria brasileira terá que aumentar a produção se quiser acompanhar o consumo. A partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) calcula que os estoques despencaram 80% no terceiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. O economista do Ipea Fabio Giambiagi avalia que o ajuste de estoques da indústria chegou ao fim. Sem reposição, pode faltar produtos para atender às vendas de Natal. - Agora o comércio não poderá vender o que não tem. Além disso, os efeitos positivos dos juros em queda e a dissipação da crise política tendem a reativar o crescimento.

Mas nem a perspectiva positiva para o fim do ano impediu o Ipea de rever para baixo suas projeções. A estimativa de avanço do Produto Interno Bruto (PIB) caiu de 3,5% para 2,3%. E a previsão de investimento desabou de 5,4% para 0,9%.

A avaliação de que o excesso de estoques afetou a produção no terceiro trimestre é praticamente unânime entre economistas. O que tem dividido governo e especialistas é a causa da retração dos investimentos. Para Giambiagi, o tombo reflete a crise política.

Para o diretor de estudos macroeconômicos do IPEA, Paulo Levy, as raízes da retração dos investimentos estão na construção civil, responsável por 60% do total.

- Estamos esperando um crescimento da construção civil desde o fim do ano passado e ele não chega nunca.