Correio Braziliense, n. 21872, 03/02/2023. Política, p. 4

Deputado polêmico perto do TCU

Tainá Andrade


O deputado federal Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR) foi eleito, ontem, para uma das vagas do Tribunal de Contas da União. Com 239 votos favoráveis, ele assume a cadeira hoje ocupada pela ministra Ana Arraes — que se aposentou no ano passado. O nome do parlamentar, porém, ainda precisará ser referendado pelo Senado.

Com o apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Jhonatan teve como adversários Soraya Santos (PL-RJ, que obteve 75 votos) e Fábio Ramalho (MDB-MG, que conseguiu 174) — cinco votos foram em branco. “Serei a voz da Câmara no Tribunal de Contas da União. A nossa missão é reaproximar o Parlamento brasileiro do TCU”, disse Jhonatan, após a votação.

O nome do deputado foi resultado da costura para aquinhoar todos os partidos que fizeram parte da campanha de Lira à reeleição. Uma das legendas que deu apoio ao possível futuro ministro do TCU foi o PT, que espera contar com o Republicanos — partido ao qual Jhonatan é filiado — para a base do governo na Casa.

O indicado da Câmara, porém, tem relações polêmicas com a comunidade indígena de Roraima. Representantes dos povos originários o acusam de ter indicado representantes para o Distritos de Saúde Especial Indígena Yanomami (DSEI-Y) que em nada ajudaram a situação daquela população nativa. Enxergam, inclusive, que os apadrinhados de Jhonatan ajudaram a piorar a crise humanitária dos ianomâmis.

Os ministros do TCU têm mandato vitalício e se aposentam compulsoriamente aos 75 anos de idade. O tribunal auxilia o Congresso na tarefa de fiscalização das finanças públicas. Entre outras funções, a Corte tem o encargo de emitir pareceres sobre as contas anuais apresentadas pelo Executivo, além de conduzir auditorias solicitadas pelos parlamentares. Também prestam informações a pedido da Câmara e do Senado ou pelas comissões temáticas das duas Casas.