Título: Indústria estabiliza em outubro
Autor: Sandra Nascimento e Viviane Monteiro
Fonte: Jornal do Brasil, 08/12/2005, Economia & Negócios, p. A17

A indústria brasileira dá sinais de reação na produção de bens de consumo, mas o fôlego passa longe de investimentos em bens de capital. Depois do corte no terceiro trimestre, a média da produção parou de encolher e estacionou, com leve aumento de 0,1% entre setembro e outubro. De um lado, bens duráveis avançaram 2,8% e, de outro, bens de capital, que medem os investimentos, recuaram 3,9%, conforme revela o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em relação a igual mês do ano passado, houve crescimento de 0,4%. De janeiro a outubro, o setor aumentou em 3,4% a produção. A Pesquisa Industrial Mensal divulgada ontem assinala que a ''indústria sustentou o mesmo patamar de produção do mês anterior, interrompendo o movimento de queda registrado em setembro (-2,3% frente a agosto)''. O resultado de outubro, segundo o instituto, refletiu as indústrias de bens de consumo duráveis e semiduráveis e não-duráveis.

Depois de saltar no primeiro semestre, a compra de máquinas para a própria indústria tem recuado mês a mês. O IBGE mostra queda de 10% na produção de bens de capital para fins industriais em outubro em relação a igual período do ano passado. Em vez de investir em máquinas e equipamentos, a indústria aumentou o uso da capacidade instalada em outubro, como mostrou a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O fim dos estoques de bens de consumo em setembro empurrou a produção, de acordo com a economista Isabela Nunes Pereira, do IBGE. A pesquisa revela aumento na produção de automóveis (4,4%) e telefones celulares (27,4%), em relação a outubro de 2004. Após três meses de recuo de produção, a indústria de bens duráveis voltou a crescer, com a melhor taxa de todo o setor.

O IBGE aponta alta de 0,5% na produção de bens de consumo não-duráveis entre setembro e outubro. O aumento é maior se comparado ao mesmo período de 2004, quando a produção era 1,6% menor. Os bens intermediários, que estagnaram na mesma proporção que a indústria de um mês para outro (0,1%), amargam queda de 0,6% em relação a outubro de 2004.

Treze dos 23 ramos investigados aumentaram a produção, como os fabricantes de equipamentos para energia elétrica, com alta de 52,2%; máquinas para a construção (34,7%) e para transporte (3%). Também melhoraram o desempenho os fabricantes de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (2,5%) e refino de petróleo e produção de álcool (0,9%). Já os segmentos de material eletrônico e equipamentos de comunicações (-6,7%) e têxtil (-2,7%) reduziram produção.