Título: A um passo da auto-suficiência
Autor: Sabrina Lorenzi e Ricardo Rego Monteiro
Fonte: Jornal do Brasil, 08/12/2005, Economia & Negócios, p. A18

A Petrobras investirá R$ 38,54 bilhões em 2006, dos quais metade vão para projetos de exploração e produção. No ano em que alcançará a auto-suficiência, a estratégia é repartir investimentos, para que cada vez mais regiões sejam beneficiadas, conforme revela o diretor de Exploração e Produção, Guilherme Estrella. Por enquanto, 80% da produção nacional de petróleo se concentra na Bacia de Campos, mas, com o declínio natural dessas reservas, Estrella afirma que a tendência é descentralizar os esforços para as bacias de Santos e Espírito Santo.

Com investimentos crescentes em aumento de produção, a tão esperada auto-suficiência em petróleo se consolidará no próximo ano, quando a produção média será de 1,91 milhão de barris por dia, acima dos cerca de 1,8 milhão de barris consumidos por dia no país. A meta será cumprida com a entrada em operação de quatro plataformas, que vão extrair mais 360 mil barris de por dia.

Além das plataformas, em 2006 a Petrobras inicia as obras do Complexo Petroquímico Integrado, no Rio, e escolhe o município, também fluminense, que sediará a nova refinaria da empresa. Também será o ano de largos passos no exterior, com a produção de petróleo e gás chegando a 317 mil barris diários. No Brasil e no exterior, a estatal vai produzir 2,5 milhões de barris de óleo e gás.

O diretor da área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, detalhou a parceria entre a Petrobras e a venezuelana PDVSA, que, segundo ele, não se limitará à construção de uma refinaria em Pernambuco. Cerveró revelou que também resultará em acréscimo de 70 mil a 100 mil barris/dia na produção internacional da empresa. O acordo, segundo o executivo, inclui a concessão de 49% de um bloco na faixa do Orinoco, região na qual a produção gira e torno 500 mil barris/dia.

O diretor da empresa anunciou, também, que a Petrobras estuda adquirir refinarias nos Estados Unidos, Europa e Ásia para agregar valor ao óleo produzido no país. Segundo Cerveró, o óleo pesado tem um desconto no preço em relação ao Brent. Em lugar de vendê-lo com preço descontado, a Petrobras adotará a estratégia de processá-lo em refinarias.

A estatal está prestes a concluir negociações de compra de uma refinaria nos Estados Unidos, no estado do Texas. Atualmente a Petrobras exporta 300 mil barris/dia de óleo pesado produzido no campo de Marlim e, a partir de 2010, alcançará um patamar de exportação de 500 mil barris/dia. Esse produto deverá concorrer com um patamar de 3 milhões de barris/dia do México e igual patamar da Venezuela.