Título: Osmar Serraglio rebate procurador-geral
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 09/12/2005, País, p. A2

O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), rebateu as críticas feitas pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, sobre o pedido de prisão de Marcos Valério Fernandes de Souza. O relator conversou informalmente com o delegado da Polícia Federal (PF) Luiz Flávio Zampronha e insistiu na defesa da prisão de Valério. O pedido teria de passar pelo Ministério Público (MP) ou ser encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O procurador, no entanto, adiantou que o MP não levaria adiante o pedido e disse que os integrantes da CPI estavam mais interessados em aparece em ''gerar notícias de jornal''. Serraglio disse que, por enquanto, não pretende insistir no pedido de prisão, mas afirmou que cogita a possibilidade de ir ao procurador expor os motivos levantados para prender Valério. O deputado afirmou que o laudo da PF sobre notas falsas indica risco de que os resultados da investigação sejam prejudicados por possíveis adulterações de informações.

- O pedido não foi algo aleatório. Só acho que o procurador não leu o laudo da PF - acrescentou Serraglio.

Na avaliação do relator, o trabalho de investigação da PF pode ser prejudicado caso informações contábeis e documentos referentes à investigação sejam alterados:

-A Polícia, do jeito que vai, não vai chegar a lugar algum.

Outros integrantes da comissão saíram em defesa de Serraglio e avisaram que, em resposta ao MP, começarão a pressionar a procuradoria com ''declarações constrangedoras''.

Ontem, a CPI dos Correios recebeu a lista de beneficiários das operações tidas como irregulares que geraram prejuízos de R$ 730 milhões a 14 fundos de pensão. O sub-relator de fundos de pensão da CPI, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), disse que pretende manter em sigilo as informações pelo menos até segunda-feira. Mas, o presidente do fundo de pensão da Petrobras (Petros), Wagner Pinheiro, afirmou ontem que acionará a Justiça para questionar o relatório de Antonio Carlos Magalhães Netto que aponta supostas perdas de R$ 64 milhões. A origem do prejuízo seria operações com derivativos na BM&F, de acordo com o relatório, ainda parcial, da CPI dos Correios.

Para Pinheiro, a Petros não teve direito de se defender nem foi chamada a se posicionar e explicar sobre as operações que supostamente geraram prejuízo ao fundo. O relatório, diz, é parcial, genérico e não identifica os critérios adotados para classificar operações que poderiam resultar em perdas.

- Repudio o relatório, que foi feito sem o direito de defesa. Nós não estamos o em uma República de bananas - afirmou.