Título: PT quer espaço da oposição no Conselho
Autor: Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 09/12/2005, País, p. A4

Partido quer indicar nomes para duas vagas que pertencem ao PSOL

BRASÍLIA - O Partido dos Trabalhadores resolveu recorrer à presidência da Câmara para voltar a ter três representantes no Conselho de Ética. Ou seja, quer a destituição de Chico Alencar (RJ) e Orlando Fantazzini (SP) que trocaram o PT pelo PSOL, mas mantiveram a vaga no Conselho. A solicitação foi feita pelo líder da legenda, Henrique Fontana (RS). A justificativa apresentada é que ¿a maior bancada da casa não poderia ser representada no conselho por apenas um integrante¿, Ângela Guadagnin (SP). ¿ O PT quer ver sua representatividade legítima, assim como tem em qualquer outra comissão. Não é razoável que tenhamos um único representante se temos 85 deputados na Casa, enquanto o PSOL tem dois, com uma bancada de sete parlamentares ¿ argumentou Fontana. O PT está pedindo que Alencar e Fantazzini ¿ os mais presentes no Conselho ¿ sejam substituídos pelos suplentes Paulo Pimenta (RS) e Neyde Aparecida (GO). Ambos tiveram envolvimentos com episódios ligados ao mensalão. Pimenta foi vice-presidente da CPI do Mensalão, mas foi obrigado a deixar o cargo depois que divulgou uma lista apócrifa de pessoas beneficiadas pelo valerioduto. O ex-motorista de Neyde Aparecida, Wendell Resende de Oliveira, viajou de Goiânia a São Paulo, nas eleições de 2004, para buscar um pacote com US$ 200 mil na sede do diretório nacional do PT. Fantazzini e Chico Alencar não pretendem abrir mão do cargo fácil. Em nota oficial, demonstraram que vão lutar para se manter como membros titulares. Alegam que a manifestação do PT mostra com clareza que o partido está incomodado com a atuação independente e autônoma de cada integrante. ¿ Não estou aqui para defender interesses partidários. O PT não quer isenção no conselho. Ele quer postura partidária ¿ afirmou Orlando Fantazzini. Chico Alencar completou: ¿ O PT quer evitar um tratamento mais duro aos seus membros que estão em julgamento. As declarações do líder petista acabaram esquentando o sangue de alguns membros do conselho. Assim como os deputados do PSOL, o sentimento era de que pedido de Fontana acabava ¿partidarizando¿ as atividades do conselho. Lembraram que o próprio regimento do Conselho de Ética prevê que o mandato de dois anos de cada integrante é pessoal para garantir isenção e evitar interferências partidárias. Integrante do Conselho, Nelson Trad (PMDB-MS) disse que não fazia parte do espírito da comissão ter votos de partidos políticos, mas sim de conselheiros. ¿ O posicionamento aqui tem de ser pessoal. Partido não pode influenciar, nem conduzir as investigações. Trad ainda sugeriu que o PT tivesse interesse em reforçar a ¿equipe de apoio aos investigados petistas ou mesmo de partidos aliados¿. Presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP) disse acreditar que a Câmara não cederá as duas cadeiras ao PT. Polêmica à parte, para garantir o depoimento de José Janene (PP-PR), o conselho vai enviar ao Paraná junta médica para avaliar o estado de saúde do pepista, o único ainda não notificado oficialmente do processo contra ele. Janene sofreu uma operação no coração em outubro.